O Estado de São Paulo tem cerca de 6 milhões de empreendedores, que movimentam mais de R$ 156 bilhões por ano. Desse universo todo, R$ 61 bilhões são apenas de empreendedores de menor renda. A CBN Campinas apresenta uma série de reportagens contando histórias de empreendedores da periferia. Aqueles que resolveram arriscar e conseguiram.
A Vila Costa e Silva, em Campinas, é o berço do sonho do Lucas Fonseca. Jovem da periferia, estudante de escola pública, começou no mercado de trabalho na área de logística, mas não abandonou um desejo.
Nada iria além de um sonho se não houvesse apoio. Os amigos foram fundamentais na construção dessa história, como conta Kory Lincoln Paes.
A família, base de tudo que Lucas conquistou, também esteve presente nos primeiros passos. O pai, Daniel Fonseca da Silva, explica.
E começou assim mesmo: dentro de casa com cômodos transformados em estoque, provadores, caixa, recebendo diversos clientes interessados nas roupas e acessórios streetwear.
Uma moda que teve início nos anos 70 e 80, nos Estados Unidos. Os jovens da época se inspiravam nos vestuários dos skatistas e da galera do hip hop. Roupas mais largas, tênis de cano alto e bonés. Essas roupas confortáveis eram o contraponto das calças apertadas, botas de cano baixo e peças com corte reto inspiradas na corrida espacial dos anos 60.
Na prática, as roupas permitiam que os jovens se sentissem livres. Era uma forma de refletir a cultura e identidade do território de onde viviam.
O estilo começou a ganhar o mundo. Clipes de músicas, séries de televisão, filmes… tudo passou a aproximar a cultura de rua norte-americana para algo mais real. Foi assim que o Lucas também se identificou, e apostou, mesmo sabendo que o caminho não seria tão fácil.
Nesse período, Lucas foi crescendo abrindo mais lojas e fortalecendo a própria marca. Mas a pandemia mudou completamente os planos
Hoje, Lucas mantém a rotina em busca da realização de sonhos que foram interrompidos pela covid-19. Mas não mais do zero. A loja em um shopping de Campinas continua lá, com bonés, tênis, camisetas, acessórios, uma conquista que se orgulha de manter.
E aí o Lucas percebeu que o sonho de ter algo do estilo próprio não era só dele. O gerente da loja, Wesley Henrique Andrade dos Anjos, vê “o lugar que rende roupas” além da representatividade comercial.
Para o produtor cultural Hellio Augusto, sair da periferia e marcar presença dentro de um grande centro de compras é uma conquista que representa toda uma população.
E se a pandemia pode ter sido um empecilho no meio do caminho, Lucas mostra que, sim, é possível recomeçar. Isso já começou. E como todo bom sonhador, os sonhos não param.
*Por Wesley Justino