A descoberta de uma casa na Zona Oeste de São Paulo, onde 33 pessoas entre 25 e 35 anos em situação de vulnerabilidade social eram treinadas para transportar drogas no estômago para a quadrilha especializada em tráfico internacional por meio de aeroportos, levou a uma investigação em conjunto das Polícias Federais de São Paulo e Campinas.
É porque aqui no interior está o Aeroporto de Viracopos, onde muitas dessas pessoas eram encaminhadas para pegar voos para Lisboa ou outros países, levando as drogas que engoliram dias antes.
O Fantástico, da TV Globo, teve acesso a alguns depoimentos de pessoas que estavam na residência quando a polícia chegou. Segundo um desses relatos, as pessoas permanecem sendo medicadas, alimentadas, e treinando a ingestão, até que são informadas que viajarão no dia seguinte com as drogas no estômago.
O tenente-coronel Cleotheos Sabino, da Polícia Militar, explica que esse controle da alimentação era extremamente rígido.
A polícia ainda apura se haviam nutricionistas na quadrilha para que essa dieta fosse regulada, ou se era algo simplesmente feito com base na tentativa e erro.
O diretor-técnico do Hospital Geral de Guarulhos, André Affonso, para onde são levadas as pessoas flagradas com drogas no estômago na capital, conta como é possível detectar a cocaína.
Muitas das pessoas que foram detidas pela polícia em São Paulo acabaram voltando para a mesma casa. Elas seguem sendo investigadas.
O delegado da Polícia Federal em Campinas, Edson Geraldo de Souza, disse à CBN Campinas, em outubro, que o terminal da cidade passou a ser visado pelas quadrilhas por, supostamente, ser “menos fiscalizada” que o Aeroporto de Guarulhos. As fiscalizações, porém, já eram constantes, mas passam a ser reforçadas desde março.
De março a novembro, as operações da Polícia Federal prenderam 47 pessoas, sendo 11 estrangeiros, e apreendeu 234kg de drogas, sendo 101kg de cocaína. Quando alguém com drogas no estômago é localizado, é encaminhado para um hospital da cidade, geralmente o Mário Gatti, onde passa por um exame de tomografia, e fica internado até expelir todo o entorpecente. Nesse tempo, permanece sob custódia policial, e, quando tem alta, é imediatamente preso.
O delegado-chefe da PF em Viracopos, Fábio Simões, houve um aumento de 33% no efetivo, aliado a parcerias, como com a Receita Federal, Baep, Guarda Municipal e outros órgãos.
Ainda segundo os depoimentos em São Paulo, as mulas receberiam R$ 14 mil líquidos para transportar as drogas no estômago. A PF segue trabalhando para prender não apenas os transportadores, mas também as pessoas que financiam e organizam essas ações.