O número de pessoas em situação de escravidão moderna, uma das principais causas pelos altos índices de tráfico de pessoas no Brasil, causam grande impacto no país.
De acordo com dados da Walk Free Foundation, mais de um milhão de pessoas vivem essa realidade no país nos dias atuais. Isso coloca o Brasil na décima primeira posição do ranking de 160 países que mais submetem pessoas a escravidão moderna.
A coordenadora da ASBRAD – Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude, Graziella Rocha, explica que o tráfico de pessoas acontece de uma maneira muito fácil no Brasil, tanto para as vítimas que chegam quanto para as vítimas que saem.
Esses dados foram divulgados durante um webinar realizado pelo Aeroporto Internacional de Viracopos. Essa é uma das ações realizadas durante a Semana Internacional dos Direitos Humanos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que existam 12,3 milhões de pessoas em situação de trabalho forçado no mundo, das quais 2,4 milhões foram vítimas de tráfico de pessoas, ou seja, mais de 19% do total.
As mulheres e as crianças são as maiores vítimas desse crime. E o setor aéreo segue sendo o meio mais utilizado para o tráfico.
Segundo a Procuradora do Trabalho e Gerente do Projeto Liberdade no Ar do Ministério Público de Trabalho, Andrea Gondim, grande parte das pessoas traficadas são seduzidas por uma falsa esperança de viver uma vida melhor em outros países.
Desde 2020, Viracopos vem criando ações no complexo aeroportuário com o objetivo de disseminar informações sobre o tema para os passageiros. Os profissionais foram conscientizados sobre diretrizes a serem tomadas ao presenciarem situações suspeitas de violação de direitos humanos.
O Aeroporto também criou uma agenda de treinamentos que contou com a participação da Polícia Federal do aeroporto para os colaboradores da comunidade aeroportuária. Um protocolo de acionamento local em casos suspeitos para que a Polícia Federal possa atuar enquanto o crime possa estar ocorrendo no aeroporto.
Por conta dessas ações, em 2022 e 2023, o complexo aeroportuário recebeu o reconhecimento pelas boas práticas contra o abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes.