O empresário português, preso acusado de realizar tráfico internacional de bebês recém-nascidos brasileiros, a partir do estado de São Paulo, para o continente europeu, teria dito a agentes da Polícia Federal, de maneira informal, que pretendia adotar as crianças levadas.
Segundo a delegada da Polícia Federal de Campinas, Estela Beraquet Costa, o investigado, que é casado com um outro homem em Portugal, alega que teria tido o direito de adoção negado no país europeu e, por conta disso, teria buscado uma barriga de aluguel no Brasil.
Porém, de acordo com a agente da PF, independente da motivação, a ação realizada pelo homem é configurada como crime.
As investigações começaram a partir de informações de que um bebê recém-nascido em Valinhos havia sido abandonado pela mãe e registrado como filho desse homem.
Com a suspeita de uma possível tentativa de tráfico internacional dessa criança, foi verificado que, em menos de um mês, o acusado havia registrado no mesmo hospital uma outra recém-nascida, de apenas 19 dias, como sua filha.
O investigado teria viajado quatro vezes do Brasil para Portugal nos anos de 2015, 2021 e duas vezes em 2023. Na última saída do país, no mês de novembro, o suspeito levou essa recém-nascida para a Europa e, agora, retornou para o Brasil sem ela, possivelmente para buscar este outro bebê.
Por meio de trabalhos realizados em conjunto com agentes de segurança de Portugal, foi identificado que a primeira criança registrada pelo acusado poderia estar na cidade de Porto com o marido do homem.
A Polícia Federal de Campinas cumpriu quatro mandados de busca pessoal, um de busca e apreensão e um de prisão preventiva nas cidades de Valinhos e Itatiba, onde duas advogadas estão sendo investigadas por possível envolvimento, já que os registros de paternidade se deram por meio de documentos falsos e eram acompanhados de pedidos de guarda unilateral dos bebês, o que lhe permitiria sair do país sem a mãe.
Além disso, é estudado o envolvimento de uma mulher que acompanhava o português em todas as visitas ao hospital. Existe a possibilidade dela ser uma intermediadora entre o acusado e as mães, já que ambas não são da região, uma é do interior do Pará e a outra da cidade de São Paulo. Essa investigada afirmou, também em conversas informais, de que apenas estava auxiliando o homem e que não recebeu nenhum dinheiro por isso.
Por fim, é investigado se algum funcionário da Santa Casa de Valinhos também estaria envolvido no esquema.
Pelos delitos apurados até o momento, os envolvidos poderão responder pelos crimes de tráfico internacional de crianças, registro falso, entre outros diversos que serão definidos após a análise do material apreendido, podendo a pena ultrapassar 18 anos.
Agora, as investigações continuam para identificar as demais possíveis pessoas envolvidas nos crimes.