Um líder espiritual de 49 anos suspeito de estuprar pacientes durante sessões terapêuticas em Socorro foi preso pela Polícia Civil. O homem teria cometido os crimes em um terreiro, em um consultório na casa dele, além da Santa Casa de Misericórdia, onde trabalhava como técnico de raio-X.
Até a última sexta-feira, 12, seis mulheres haviam prestado depoimento e outras três devem ser ouvidas nos próximos dias. Inclusive, entre elas está uma menor de idade. Apesar disso, a suspeita é de que ele tenha feito dezenas de vítimas, pelo menos, desde 2017.
De acordo com a delegada de Socorro, Leise Silva Neves, as investigações começaram quando uma das vítimas estranhou os métodos usados pelo suspeito e procurou saber se todos esses abusos já tinham acontecido com outras pessoas.
O homem contava com a ajuda de uma suposta mãe de santo, que indicava os serviços dele. A polícia não detalhou se a mulher também foi presa. Dessa forma, se aproveitava da fragilidade das vítimas que procuravam o centro religioso em busca de suporte espiritual.
Segundo a delegada, o homem ganhava a confiança das pessoas, especialmente mulheres, e se descrevia como uma pessoa com poderes superiores, capaz de curar dores físicas e emocionais.
Ele indicava terapias de regressão, quiropraxia, ozonioterapia, hipnose e massagens, onde cada sessão custava em torno de R$ 150. A investigação não descarta a possibilidade do suspeito dopar as vítimas e destaca que o suposto terapeuta também usava técnicas de hipnose
Conforme o relato das pacientes, o homem oferecia um copo d’água antes de iniciar as sessões, com a desculpa de que “a água é uma condutora elétrica essencial para a terapia”. Muitas vítimas ainda teriam dito que, no momento dos abusos, ficaram sonolentas, sem força, e que não conseguiam reagir. As mulheres também eram induzidas a tirar a roupa, mediante argumentos religiosos e medicinais, e tinham os corpos cobertos por uma quantidade exagerada de óleo.
Além do mandado de prisão preventiva, os agentes também apreenderam na casa do suspeito, em Amparo, um celular, aparelhos de mídias, remédios, brinquedos sexuais, seringas, várias munições e duas armas de fogo, sendo uma delas ilegal. Por esse motivo, ele também deve responder por porte ilegal de arma.
O Tribunal de Justiça de SP informou que após audiência de custódia realizada na tarde desta terça-feira, verificou-se que a prisão foi regular, sem ilegalidades e, portanto, foi mantida.
Em nota, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Socorro se mostrou surpresa com os acontecimentos e informou que não tinha conhecimento sobre os casos de abuso sexual supostamente cometidos por ele.
A entidade também manifestou solidariedade às eventuais vítimas e se colocou à disposição das autoridades.
A operação recebeu o nome de ‘João de Deus Socorrense’, em referência ao médium João Teixeira de Faria, condenado a quase 100 anos por crimes sexuais no Estado de Goiás.
