A primeira remessa da vacina contra a dengue que será oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) chegou ao Brasil no último sábado (20). O governo recebeu 720 mil doses do imunizante Qdenga, oferecidas sem cobrança por um laboratório japonês.
O Ministério da Saúde receberá ainda cerca de 600 mil doses gratuitas da fabricante. Além disso, o governo comprou 5,2 milhões de doses que serão gradualmente entregues até novembro.
A médica infectologista da Unicamp e Consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi, explica que o total de 6,5 milhões de doses representa a capacidade total disponível no laboratório para este ano.
Diante da capacidade limitada de produção da vacina, pouco mais de 3,2 milhões de pessoas serão vacinadas neste ano, já que o esquema vacinal requer a aplicação de duas doses, com intervalo mínimo de 90 dias entre elas.
O público-alvo serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Essa faixa etária concentra o maior número de hospitalizações por dengue, depois de pessoas idosas, mas para esse grupo a vacina não foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
As vacinas serão destinadas a municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior qua 100 mil habitantes. A médica infectologista ressalta, porém, que a eficácia da vacina é menor contra o sorotoipo 3 da dengue, que voltou a circular nos municípios brasileiros, e ainda é desconhecida contra o sorotipo 4.
Nos próximos dias, o Ministério da Saúde detalhará a lista dos municípios e a estratégia de vacinação. A previsão é que as primeiras doses sejam aplicadas em fevereiro.