O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e a Polícia Militar estão com mais uma operação para apurar a ligação entre a facção criminosa que atua em São Paulo e no país e fraudes em licitações.
A Operação Muditia apura a atuação da quadrilha em licitações para contratação de serviços terceirizados.
Segundo a investigação, empresas atuavam de forma recorrente para frustrar a competição nos processos de contratação de mão de obra terceirizada no Estado em diversas prefeituras e câmaras de vereadores, como explica o Coronel Emerson Massera
Na nossa região, há contratos sob análise em Jaguariúna, Itatiba e Sorocaba. Também há um contrato com o governo de SP que está em investigação.
De acordo com o MP, havia simulação de concorrência com empresas parceiras ou de um mesmo grupo econômico. Também há evidências, conforme a investigação, de corrupção de agentes públicos e políticos e outros crimes, como fraudes documentais e lavagem de dinheiro. O promotor Yuri Fisberg conta qual era o objetivo principal da quadrilha.
As empresas do grupo têm contratos públicos que somam mais de R$ 200 milhões nos últimos anos. A investigação afirma que alguns deles atendiam a interesse da facção, que tinha influência na escolha dos ganhadores de licitações e a divisão dos valores obtidos de forma ilegal.
Três vereadores de cidades da Grande São Paulo e Baixada Santista foram presos: Ricardo Queixão (PSD), de Cubatão; Flavio Batista de Souza (Podemos), de Ferraz de Vasconcelos; Luiz Carlos Alves Dias (MDB), de Santa Isabel. O MP afirma que os vereadores podem não ter relação direta com a facção, mas foram ‘escolhidos’ por ela para que a porta da corrupção fosse aberta. As Câmaras destas cidades dizem colaborar com as investigações.
O advogado Aureo Tupinamba, que já atuou na defesa do traficante de drogas André do Rap, apontado como um dos chefes da facção e condenado a 25 anos de prisão por tráfico internacional, também foi preso na Baixada. A defesa dele não foi localizada para comentar o caso.
A prefeitura de Itatiba afirma que equipes foram à sede da prefeitura nesta terça-feira, e que atendeu todas as solicitações feitas.
Segundo a administração, os averiguados desta investigação não têm, atualmente, nenhuma relação contratual com o Poder Executivo, que “entende que é fundamental a colaboração com a Justiça para esclarecimento dos fatos e preza por manter sempre a transparência dos atos públicos, ficando à disposição para atender quaisquer novas solicitações judiciais”.
Já a prefeitura de Sorocaba informou que não houve qualquer intimação recebida por parte do Ministério Público, e que não houve busca e apreensão na sede da Administração.
Ainda segundo nota, como não há menção ao nome das empresas envolvidas na investigação, não tinha condição de verificar a situação desses acordos, mas se coloca à disposição das autoridades para quaisquer solicitações, caso necessário.