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Mortandade de peixes no minipantanal paulista prejudica fauna e flora da região 

Foto: Edijan Del Santo/EPTV

A poluição que atingiu a área de proteção ambiental Tanquã em Piracicaba na última segunda-feira (15) e deixou milhares de peixes mortos, é considerada uma catástrofe para a fauna aquática da região. O local é conhecido como o mini pantanal paulista e está com milhares de peixes mortos pelas águas.

Segundo o professor de piscicultura do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), Brunno da Silva Cerozi, a fauna do Tanquã sofre com a catástrofe. Além dos peixes que foram mortos, outros animais que estão na região podem ser afetados.

O professor destaca que a situação é preocupante, visto que o período para a renovação da água é complexo. Brunno ainda lembra que as hidrelétricas da região armazenam água nesse período, motivo que dificulta a renovação da área. 

O professor diz que historicamente essa região do Rio Piracicaba é afetada pela qualidade da água, principalmente no mês de julho, quando os animais já estão com dificuldades de sobreviver.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), aponta que a usina São José, de Rio das Pedras, é a causadora da poluição que causou a mortandade de quase três toneladas de peixes. Segundo a Cetesb, a poluição aconteceu após um vazamento de poluentes da indústria, que fica às margens do Ribeirão Tijuco Preto, em Rio das Pedras. 

Em nota a usina reconhece que houve vazamento, mas diz que é “precoce” afirmar que foi esse problema que causou a morte dos peixes no Rio Piracicaba, e a morte de uma outra quantidade no minipantanal paulista, no Tanquã, que fica a 42km de distância da empresa. 

A usina, portanto, quer desmentir a Cetesb, que flagrou a emissão de resíduos orgânicos vindos da usina. Ao Ministério Público, que fez uma vistoria nesta terça-feira, a empresa também atribui o caso à má qualidade do tratamento do esgoto pela prefeitura de Rio das Pedras.

Na vistoria, o Ministério Público encontrou uma dezena de tubulações de escoamento enferrujadas e rompidas. A usina confirmou que houve a quebra desses canos e que, de fato, resíduos orgânicos vazaram no Ribeirão Tijuco Preto, mas diz que era “em pequena quantidade, e não poderia ter causado a morte dos peixes”.

A prefeitura de Piracicaba deve iniciar um novo mutirão para retirar os peixes do Tanquã, mas ainda não é possível estimar a quantidade de animais mortos na região.

O que diz a Usina São José S/A Açúcar e Álcool

A usina recebeu às 18h30 desta terça-feira (16) a notificação da CETESB solicitando a retirada e destinação ambientalmente adequada dos peixes mortos no Rio Piracicaba. Até o momento a empresa não teve acesso ou tomou conhecimento de qualquer documento oficial ou técnico que estabeleça relação entre a mortandade dos peixes e sua operação. Mesmo assim, iniciou negociação com empresas especializadas para que o trabalho seja realizado o quanto antes. Tal decisão leva em conta o dever de defender e preservar o Meio Ambiente, a boa-fé da empresa e o seu compromisso em atender às normas, licenças ambientais e protocolos de controle. Tão logo estejam definidos, o plano de ação e os prazos serão submetidos à aprovação da CETESB.

Cabe lembrar que as operações da usina estavam interrompidas desde 2020, tendo sido retomadas somente em maio deste ano, e que nos últimos 10 anos houve mais de 15 ocorrências dessa natureza na região. A empresa não poupa esforços para colaborar plenamente com a CETESB, a Polícia Ambiental e o Ministério Público. Nesse sentido, está fornecendo todas as informações e acessos solicitados para garantir uma investigação transparente, que ajude a esclarecer as causas do incidente.”

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