Pela primeira vez desde o dia 7 de julho, a Usina São José emitiu uma nota sobre a mortandade de peixes no Rio Piracicaba, que, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, aconteceu após um vazamento de poluentes da indústria, que fica às margens do Ribeirão Tijuco Preto, em Rio das Pedras.
No texto, a usina reconhece que houve vazamento, mas diz que é “precoce” afirmar que foi esse problema que causou a morte de quase 3 toneladas de peixes no Rio Piracicaba, e a morte de uma outra quantidade no minipantanal paulista, no Tanquã, também em Piracicaba.
A usina, portanto, quer desmentir a Cetesb, que flagrou a emissão de resíduos orgânicos vindos da usina. Ao Ministério Público, que fez uma vistoria nesta terça-feira, a empresa também atribui o caso à má qualidade do tratamento do esgoto pela prefeitura de Rio das Pedras.
Na vistoria, o Ministério Público encontrou uma dezena de tubulações de escoamento enferrujadas e rompidas. A usina confirmou que houve a quebra desses canos e que, de fato, resíduos orgânicos vazaram no Ribeirão Tijuco Preto, mas diz que era “em pequena quantidade, e não poderia ter causado a morte dos peixes”.
A Usina São José ainda diz não ser a responsável pela morte dos peixes em Tanquã, que fica a 42km de distância da empresa.
Em boletim atualizado pela Cetesb na noite desta terça, a agência afirmou que notificou a usina responsável pelo lançamento irregular e solicita retirada imediata dos peixes mortos do Tanquã.
A Cetesb também informa que os novos fatos observados podem implicar no agravamento das penalidades que serão determinadas ao agente poluidor e que serão apresentadas na sexta-feira. Os resultados eram para ter sido publicados nesta terça, mas um pedido de uma nova amostra do Rio foi feito para que seja possível identificar, de fato, o que causou a morte dos peixes.
A prefeitura de Piracicaba deve iniciar nesta quarta um novo mutirão para retirar os peixes do Tanquã. Ainda não é possível estimar a quantidade.
O Tanquã é conhecido como o mini pantanal paulista, devido à semelhança com o ecossistema do Centro-Oeste brasileiro.
O local abriga diferentes espécies da fauna e da flora, algumas em risco de extinção. Foram registradas pelo menos 400 espécies diferentes de aves no local.
O surgimento do mini pantanal ocorreu nos anos 60, quando a usina hidrelétrica Barra Bonita foi construída na foz do rio Piracicaba e os últimos quilômetros do rio acabaram adentrando as margens, formando uma área de remanso, com águas lentas.