Polícia Federal faz megaoperação contra fraudes que somam R$ 7 bilhões

Foto: Johnny Inselsperger/EPTV

Uma grande operação da Polícia Federal foi realizada nesta quarta-feira (28) para desarticular uma organização criminosa voltada a crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. Segundo a Polícia, eles usavam bancos digitais não autorizados pelo Banco Central, que se mantinham por conivência de instituições financeiras de grande porte.

Ao todo, 200 policiais federais foram acionados para a Operação Concierge, que cumpriu 17 mandados de prisão e 60 mandados de busca e apreensão. Eles foram cumpridos nas cidades de Campinas, Americana, Valinhos, Paulínia, Jundiaí, Sorocaba, Votorantim, Embu Guaçu, Santana do Parnaíba, Osasco, São Caetano do Sul, São Paulo, Barueri e Ilha Bela (todas no estado de São Paulo) e Belo Horizonte (MG).

Pela manhã, 14 pessoas foram presas, além de 13 veículos apreendidos, entre eles carros de luxo.  

O trabalho de investigação começou há cerca de um ano. A organização criminosa atuava por meio de dois bancos digitais com sede em Campinas, também chamados fintechs, sendo as empresas Inove e T10. Eles ofereciam contas bancárias clandestinas inclusive pela internet e, segundo a Polícia, não prestavam contas à Receita Federal.

As contas permitiam transações financeiras dentro do sistema bancário oficial, mas de forma oculta, de maneira que o dinheiro encaminhado ao banco digital fraudulento não pudesse ser rastreado após o envio dos valores a grandes bancos.

A PF identificou que essas contas foram usadas por facções criminosas, empresas com dívidas trabalhistas, tributárias e outros fins ilícitos. De acordo com a investigação, as fintechs estão abertas há cerca de cinco anos, mas as movimentações financeiras mais significativas foram feitas no último ano e somam R$ 7,5 bilhões de reais.

Os investigados responderão pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.

Além das prisões e buscas, também foram determinadas judicialmente a suspensão das atividades de 194 empresas usadas pela organização criminosa para as falsas transações, suspensão da inscrição de dois advogados junto à OAB (Ordem Brasileira dos Advogados), suspensão do registro de contabilidade de quatro contadores, além do bloqueio de valor de 850 milhões de reais em contas associadas à organização criminosa.

Esquema organizado de fraude

A Polícia Federal apontou que as contas bancárias eram anunciadas pelas fintechs como contas garantidas, porque eram invisíveis ao sistema financeiro e blindadas contra ordens de bloqueio, penhora e rastreamento. Elas funcionavam por meio de contas bolsões, sem conexão entre remetentes e destinatários e sem ligação entre correntistas e bancos de hospedagem.

Além das contas bolsões, a organização também usou máquinas de cartão de crédito em nome de empresas de fachada, não relacionadas aos verdadeiros usuários, permitindo a lavagem de dinheiro e pagamento de atos ilícitos de forma oculta.

Durante a investigação, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) denunciou o caso ao Ministério Público Federal, que foi juntada ao inquérito policial.

O trabalho investigativo identificou e vinculou todos que, de alguma forma, se relacionaram com as atividades ilícitas da organização, seja no apoio logístico, financeiro ou operacional.  Foram responsabilizados os que efetivamente comandam o esquema, como os que dão suporte logístico para execução das fraudes.

As buscas foram cumpridas nas sedes dos bancos que hospedam as fintechs ilegais, além dos endereços das instituições administradoras de cartões de crédito.

A Receita Federal iniciou medidas de cunho fiscal durante as buscas em sedes de pessoas jurídicas investigadas.

 A operação denominada Concierge, palavra originária do francês, faz alusão à oferta de serviços clandestinos a quem os procurasse na cidade de Campinas para ocultação de capitais.

Em nota, os advogados do Inove Global Group disseram que ainda não tiveram acesso integral ao conteúdo da investigação. A empresa nega veementemente ter relação com os fatos mencionados pelas autoridades policiais e veiculados pela imprensa. Também ressalta total disposição em colaborar com as investigações.

Os advogados ainda ressaltaram que o Inove Global Group é uma empresa de tecnologia ligada a meios de pagamento, e não uma Instituição financeira e nem banco digital. No entanto, essa alegação da Inove é contrária ao que a Polícia Federal afirma.

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