Na casa da Criança Paralítica de Campinas muitas histórias são mudadas, ganham um novo rumo, muito mais feliz e cheio de esperança. Enzo Zambelan, de 10 anos, Nicolas Daida de Oliveira, de 8 anos, e Yuri Ribeiro Martins, de 15 anos, são algumas das crianças assistidas pela instituição e que, graças ao atendimento realizado pela ONG, conseguiram ter uma vida muito mais saudável.
Com apoio dos professores e profissionais da Casa, os meninos trabalharam por meses na produção de livros ilustrados. Além de uma forma de recreação, a atividade também serviu como um apoio aos tratamentos convencionais realizados na unidade.
A coordenadora pedagógica da Casa, Regina Ito, explica que esse trabalho também é uma forma de estimular a criatividade, o desenvolvimento motor e a socialização, que impulsionam o progresso das outras terapias.
“Nós começamos com a ideia de trazer algo que fosse diferente para eles, de incentivar de alguma forma a leitura e a escrita. A equipe percebeu que eles gostavam de ler, de ilustrar. Quando a gente traz algo significativo o trabalho pedagógico também flui de maneira natural, porque eles se incentivam e faz sentido para eles”, disse Regina.
A ONG já funciona há 70 anos e, desde então, mais de 18 mil pessoas já passaram pela instituição. As obras criadas pelos pacientes foram inspiradas em desenhos animados, o preferido de cada um dos meninos, mas carregando traços originais produzidos pelas crianças. Os títulos escolhidos para as obras foram “Quem é o Godzilla”, “Garden of Banban” e “A fúria dos Mobs”, que viraram edição impressa na mão dos pequenos.
Adilson dos Santos é pai do Enzo. Ele conta que o filho sempre gostou muito de desenhar, mas quando recebeu a notícia sobre a produção do livro o empenho da criança foi ainda maior. Segundo Adilson, o filho pediu para assistir a todos os filmes do Godzilla, para saber ao máximo cada detalhe da história.
“Ele foi a fundo quando descobriu o Godzilla. Ele assistiu desde o primeiro filme, mais antigo, até os atuais. Com o tempo, ele foi pegando toda a sinopse do Godzilla e falava muito sobre isso”, detalhou o pai.
A mãe do garoto, Viviane Zambelan, conta sobre a empolgação do filho para terminar o livro. Diagnosticado com dermatomiosite, ela relembra também o progresso do menino desde quando chegou a casa. Ele apresentava muito mais dificuldades motoras, mas que foram superadas com as fisioterapias realizadas na Casa da Criança Paralítica.
“Quando ele começou a falar para gente sobre o livro, eu falei para ele, se você tem vontade, vá em frente, porque a gente tá aqui para te apoiar. Ele chegou na casa bem debilitado e ver ele hoje ilustrando um livro, voltou a andar, porque ele tava parando de andar. O apoio que a gente teve aqui é muito bom”, acrescentou a mãe.
Um apaixonado pelo Godzilla, Enzo detalha que tudo começou em casa com os pais, mas que o sonho de criar um livro impresso se tornou realidade graças ao apoio da ONG.
“Eu fui e escrevi, com muito esforço e dedicação, e consegui fazer. Ficou muito legal e só quero agradecer a todos”, contou Enzo.
O pequeno Nicolas sempre gostou de desenhar personagens e heróis. Durante os atendimentos realizados na Casa, os profissionais encontraram desafios em relação ao conteúdo pedagógico, foi quando eles tiveram a ideia de trazer as referências dos desenhos para o cotidiano da criança. Os resultados surpreenderam a equipe da casa, que além do entusiasmo, percebeu grande evolução no tratamento da criança.
Yuri conta que adora ler e um se inspirou em um jogo, o Minecraft, para produzir sua própria história passada para o papel. O adolescente relata as experiências positivas proporcionadas pela casa da criança, além da melhoria com os tratamentos, a diversão presente no dia a dia. E ele lembra direitinho todos os atendimentos que fez na instituição.
“Sempre gostei bastante de ler livros. Aqui os trabalhos são bem legais, gosto bastante mesmo. A Casa da Criança faz eu amadurecer bastante, consegui chegar aos meus objetivos”, comentou jovem Yuri.
A Casa da Criança Paralítica (CCP) oferece atendimento especializado gratuito a crianças, adolescentes e jovens com deficiência física. Os tratamentos são em diversas áreas, além de orientação à família. Desde 2018, a casa faz também adaptações e consertos de cadeiras de rodas, além de produzir órteses e próteses de forma gratuita.