De acordo com a Polícia Federal, um professor do Instituto de Computação da Unicamp, em Campinas, atuou em um relatório usado na tentativa de golpe de estado no Brasil.
O docente ajudou a elaborar e revistar um documento usado pelo partido liberal, o PL, para questionar a integridade das urnas eletrônicas. Ele é citado no inquérito, mas não foi indiciado pela polícia.
No inquérito, a PF teve acesso a trocas de mensagens que mostram que, três dias antes do relatório ser divulgado, o professor reconheceu que havia encontrado explicação para alegações sobre o suposto funcionamento irregular de urnas eletrônicas. Ele também afirmou que não encontrou urnas com votação anormal no segundo turno de 2022.
O relatório foi apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, no dia 22 novembro de 2022 e, segundo a PF, apresentava alegações falsas sobre possíveis fraudes nas urnas eletrônicas no segundo turno. À época, o TSE multou o partido em R$ 23 milhões por não apresentar provas de irregularidades no sistema eleitoral.
De acordo com a investigação, esse núcleo da organização criminosa, o “Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral”, era responsável por incitar a população contra o resultado das eleições presidenciais de 2022 e, assim, abrir caminho para eventuais medidas antidemocráticas contra a Justiça Eleitoral. A PF também aponta ainda que o professor abasteceu influenciadores de informações falsas sobre as urnas eletrônicas.
O g1 (Grupo EP) conversou com o professor Paulo Geus por telefone, mas o docente se limitou a dizer que não tinha “nada a declarar” sobre as citações no inquérito da Polícia Federal.
Em nota, a Unicamp diz que soube do caso pela imprensa e que acompanha os desdobramentos da investigação.