Os casos de violência contra crianças e adolescentes no Estado de São Paulo aumentaram significativamente em 2024. De acordo com dados oficiais, foram registrados 83.235 casos neste ano, contra 65.787 em 2023, um crescimento de 26,5%. A maioria das agressões ocorre no ambiente doméstico, segundo especialistas.
Gilmara Fogaça, coordenadora técnica de uma casa de acolhimento em Campinas, reforça que o lar, muitas vezes, deixa de ser um local de proteção para se tornar o cenário principal das agressões.
Ela explica que, no acolhimento, as vítimas recebem suporte integral, incluindo atendimento psicológico e encaminhamentos para redes de proteção.
Um episódio recente ilustra a gravidade do problema. Um homem e uma mulher, ambos de 26 anos, foram presos em Piracicaba, suspeitos de matarem a própria filha, um bebê de apenas um mês.
A Polícia Militar foi acionada pela UPA Vila Cristina, onde a criança chegou sem vida. O exame médico revelou múltiplas lesões e fraturas, além de sinais de rigidez cadavérica, indicando que o bebê teria morrido cerca de quatro horas antes da chegada ao hospital. Um laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) confirmou que a causa da morte foram agressões físicas.
Leandro de Souza, vice-presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da OAB Campinas, avalia que o aumento dos números também reflete maior conscientização e denúncias.
A denúncia é uma das principais ferramentas para interromper o ciclo de agressões. Casos suspeitos podem ser comunicados ao Disque 100 ou às autoridades, como conselhos tutelares e delegacias especializadas.