Uma denúncia encaminhada ao Ministério Público levanta suspeitas sobre possíveis irregularidades no concurso para Residência Médica do Hospital Mário Gatti, realizado no dia 26 de janeiro e organizado pela Consesp. O documento relata falhas na fiscalização e indícios de fraude externa, o que comprometeria a lisura do processo seletivo.
De acordo com a denúncia, os candidatos não tiveram suas assinaturas conferidas na entrada das salas de prova, puderam escolher livremente seus assentos e não foram submetidos a inspeções rigorosas para evitar o uso de dispositivos eletrônicos. Além disso, os fiscais não acompanharam os candidatos durante idas ao banheiro, e não houve uso de detectores de metal para impedir possíveis comunicações externas.
Outro ponto questionado pelos denunciantes é a pontuação de alguns aprovados, especialmente nas áreas de Oftalmologia e Otorrinolaringologia. Cinco candidatos tiveram exatamente a mesma quantidade de acertos, tanto no total quanto em áreas específicas, o que, segundo cálculos matemáticos citados no documento, teria uma probabilidade extremamente baixa de ocorrer naturalmente.
A denúncia também menciona que alguns dos aprovados apresentaram desempenhos muito abaixo da média em outros concursos de residência médica no Brasil, o que levantaria dúvidas sobre a discrepância nas pontuações.
Além disso, há suspeita de que a liberação do caderno de questões durante a prova possa ter facilitado uma possível fraude via comunicação externa.
Vereador propõe investigação
Diante das suspeitas, o vereador Vini Oliveira (Cidadania) afirmou que pretende levar o caso à Câmara Municipal e cobrar explicações da Prefeitura de Campinas e da administração do Hospital Mário Gatti.
Após a repercussão do caso, a Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar determinou a suspensão do resultado final do concurso até que a Consesp, responsável pelo certame, faça a revisão de todas as provas. Em nota, a administração municipal ressaltou que não tem acesso às provas, que foram totalmente elaboradas e aplicadas pela organizadora.
“A rede lamenta o ocorrido e destaca que o programa de residência do hospital é sério e tem credibilidade no mercado. Dessa forma, espera que tudo seja esclarecido o mais rápido possível”, diz o comunicado oficial.
A reportagem tentou contato com a Consesp por meio dos dois telefones disponíveis no site oficial, mas não obteve retorno.