Pais de alunos e professores da Escola Municipal Júlio de Mesquita Filho, localizada no Jardim São Vicente, protestaram durante a sessão da Câmara de Vereadores de Campinas nesta segunda-feira (24). Com cartazes em mãos, eles cobraram melhorias na estrutura do prédio onde parte dos estudantes foi realocada devido às reformas na unidade original.
390 dos 570 alunos da escola foram transferidos para um prédio alugado pela Prefeitura no Parque Cidade Campinas, a cerca de 25 minutos de carro do endereço original. Entre eles, 61 estudantes surdos, com diferentes níveis de perda auditiva, enfrentam dificuldades na adaptação ao novo espaço.
O imóvel pertence ao Colégio Fitel Dom Bosco, uma instituição particular contratada pelo município para receber os alunos da rede pública. Apesar de já ter sido utilizada anteriormente com essa finalidade, a estrutura tem sido alvo de reclamações por parte das famílias.
Infraestrutura precária e impactos pedagógicos
Os pais apontam problemas como infiltrações, ventilação inadequada e número insuficiente de bebedouros. Além disso, relatam que as melhorias no prédio estão sendo feitas simultaneamente às aulas, prejudicando o aprendizado.
A mãe de um aluno do 5º ano, Adriana Natali, afirmou que o calor tem feito estudantes e servidores passarem mal.
Outros relatos denunciam salas de aula com janelas e portas quebradas, ventiladores com fiação exposta, banheiros em más condições de higiene e a sala dos professores com mofo nas paredes.
Jéssica Marinho, também mãe de um estudante surdo do 5º ano, reforçou as dificuldades enfrentadas pelos alunos.
Além das condições estruturais, os pais reclamam de quedas frequentes de energia, que afetam a refrigeração dos alimentos e o funcionamento dos ventiladores. Outra preocupação é a restrição no uso da quadra, já que os estudantes da escola municipal têm horário limitado, enquanto os alunos do colégio particular têm prioridade. Há, inclusive, uma corrente no local separando os espaços.
O revezamento entre aulas presenciais e online também é questionado, uma vez que a Júlio de Mesquita Filho deveria funcionar em tempo integral. E que o transporte escolar, compartilhado com alunos do próprio Fitel, gera atrasos no início das aulas.
O que diz a Secretaria de Educação:
Em nota, a Secretaria de Educação afirmou que a realocação dos alunos será mantida, pois os ajustes no prédio já foram feitos e continuarão, se necessário. O órgão também garantiu estar aberto ao diálogo com os pais.
Sobre a reforma da Júlio de Mesquita Filho, a Secretaria informou que a obra está sendo agilizada e que parte da escola já reformada está em funcionamento com outras turmas.
Questionada sobre a possibilidade de redistribuir os alunos surdos para escolas mais próximas, a Prefeitura disse que toda a rede municipal é inclusiva e recebe estudantes com deficiência. A Júlio de Mesquita Filho, no entanto, é um polo bilíngue de período integral.
A pasta também negou problemas na infraestrutura do prédio alugado. Segundo a Secretaria, todas as 12 salas possuem ar-condicionado ou dois ventiladores em funcionamento. Quanto à limpeza, afirmou que reforçou a equipe de funcionários e que não há falta de papel higiênico, alimentação ou bebedouros suficientes para os alunos.
Sobre o transporte escolar, a Prefeitura explicou que os alunos são levados de casa até a escola e, no período da tarde, retornam para suas residências.
Apesar da posição oficial, os pais continuam cobrando soluções e maior transparência no cronograma da reforma da unidade original.