Uma nova enzima descoberta representa um dos principais avanços nas últimas décadas na área de bioenergia. Essa molécula, uma nova classe de biocatalisador, é capaz de acelerar a desconstrução da celulose, uma das etapas mais importantes na produção de bioenergia e bioquímicos. A pesquisa foi desenvolvida por uma equipe de cientistas do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), que fica em Campinas, e instituições internacionais de países como França e Dinamarca.
Esse biocatalisador foi identificado a partir do material genético de bactérias encontradas em resíduos de biomassa. Seu mecanismo singular de ação, aliado à capacidade de gerar seu próprio co-substrato, a torna uma ferramenta poderosa para a desconstrução da biomassa vegetal.
A CelOCE (do inglês, Cellulose Oxidative Cleaving Enzyme), melhora a eficiência na transformação de biomassa em glicose, matéria-prima essencial para a produção de bioenergia e bioquímicos.
Dados mostraram que, ao ser usada com enzimas já utilizadas na indústria, a nova enzima aumentou em até 21% a quantidade de glicose liberada a partir de resíduos vegetais. Isso significa maior produtividade e menor desperdício no processo industrial.
De acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o Brasil produziu 43 bilhões de litros de etanol em 2023. Com a nova descoberta, essa produção poderia aumentar em bilhões de litros, utilizando resíduos agroindustriais como bagaço de cana, palha de milho, madeira e outros cultivos, sem a necessidade de expandir as áreas de plantio.
No entanto, o volume exato desse aumento ainda não pode ser determinado, pois depende da quantidade de resíduos que será destinada à produção de etanol por meio da aplicação da enzima.
O CNPEM já fez o pedido de registro de patente e deve fazer parceria com uma usina para o desenvolvimento da tecnologia. A previsão é de que em 4 anos, o licenciamento permita que qualquer usina do país tenha acesso a essa novidade.
- com informações do CNPEM