A possível venda de uma parte da histórica Fazenda Santa Elisa, sede do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), continua gerando polêmica e mobilizando debates desde que o governo estadual manifestou interesse na transação no ano passado. Pesquisadores e entidades científicas se posicionam contra a medida.
Diante dessa preocupação, a situação foi discutida nesta quarta-feira (26) em uma reunião na Câmara Municipal de Campinas. O encontro, liderado pelo vereador Gustavo Petta (PCdoB), fez parte do ciclo de ações da campanha “Em defesa do IAC – Contra a venda da Fazenda Santa Elisa”.
Durante a reunião, o vereador apontou possíveis impactos da venda da área.
A área destinada à alienação representa cerca de 1% dos aproximadamente 700 hectares do instituto. No entanto, abriga uma das mais importantes coleções de café do mundo. Segundo Helena Lutgens, presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos de São Paulo (APQC), o local contém o maior banco de germoplasma de café do Brasil, incluindo as mais antigas plantas de cafeeiro arábica clonadas por cultura de tecidos.
Como estratégia para barrar a venda, foi protocolado um pedido de tombamento da fazenda junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e ao Instituto Fazendas Paulistas (IFP). A iniciativa é liderada pela vice-presidente do IFP, Maria Rita Amoroso, que também esteve presente na reunião.
O pedido de tombamento foi apresentado no ano passado com o objetivo de preservar a estrutura original da fazenda e impedir que a área seja utilizada para atender interesses da especulação imobiliária.
Em visita à região no ano passado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, defendeu a venda de uma gleba de 70 mil metros quadrados.
Embora a transação possa ocorrer sem necessidade de aprovação da Assembleia Legislativa, a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento afirma que conduz estudos para avaliar a viabilidade da alienação de áreas sob sua administração. Em nota, a pasta ressaltou que qualquer decisão será tomada em conjunto com a direção dos institutos e terá como foco a preservação, modernização e valorização das áreas de pesquisa em andamento.