Representatividade recorde: mulheres são 15% na Câmara de Campinas

Atual legislatura tem cinco mulheres eleitas. Foto: Câmara Municipal de Campinas

Ouça a reportagem na íntegra.

A participação feminina na política nacional ainda está longe de ser igualitária: elas ainda são 18% nas cadeiras do Legislativo Municipal do país, pelos próximos quatro anos, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar do cenário desproporcional, o número de vereadoras eleitas nas câmaras das cidades aumentou 13%, em relação ao pleito de 2020.

Em Campinas, a primeira mulher a se tornar vereadora foi Vera Pinto Telles, em 1948. Ela ocupou uma das 30 cadeiras disponíveis na reabertura da Câmara Municipal, após o fechamento pelo Estado Novo. Vera era integrante do Partido Comunista Brasileiro e, a época, entrou como suplente. 

A pioneira pôde atuar por apenas dois meses na Câmara, porque mais tarde o então governo Vargas decretou a extinção da legenda, o que fez com que ela tivesse o mandato cassado. 

Vera Pinto Telles foi a primeira vereadora em Campinas.
Foto: Acervo Câmara Municipal de Campinas

Os resultados da eleição do ano passado em Campinas revelaram avanços significativos para atuação política feminina, com o alcance de 15% de representatividade: do total de 33 cadeiras, as mulheres ocupam 5. 

Na atual legislatura, as eleitas são: Debora Palermo (PL), Fernanda Souto (Psol), Guida Calixto  (PT), Mariana Conti (Psol) e Paolla Miguel (PT).

Mariana Conti foi a parlamentar mais votada no último pleito, com mais de 14 mil votos, superando própria marca de mais de 10 mil eleitores da candidatura anterior, em 2020.

Vereadora Mariana Conti. Foto: Arquivo pessoal

As principais causas da vereadora são os direitos das mulheres, da juventude e dos trabalhadores. Para ela, melhorar as condições de trabalho para as mulheres pode ser transformador para o protagonismo feminino. Isso porque, com as horas dedicadas ao cuidado, enraizado como uma missão somente feminina, muitas vezes, as mulheres acabam abrindo mão delas mesmas.   

A atuação política de Fernanda Souto também começou ainda na universidade. Médica infectologista de formação, ela viveu na pele como a pandemia foi gerenciada pelos governos. Naquele momento, soube que precisava fazer a diferença nesse cenário de alguma maneira.

Vereadora Fernanda Souto. Foto: Arquivo pessoal

O histórico de atuação fez com o que sua principal luta seja a saúde pública. Ela conta também sobre o esforço é diário para inserir as mulheres nos mais diversos espaços.

Débora Palermo construiu sua trajetória na educação, atuando como professora por anos no sistema público de ensino. Após também atuar por anos no Conselho Tutelar, e acessar a realidade difícil de muitas crianças e adolescentes, decidiu que seria na Câmara a voz dos pequenos em desamparo, que sofrem algum tipo de vulnerabilidade.

Vereadora Débora Palermo. Foto: Arquivo Pessoal

Sobre a participação das mulheres na política, Débora aposta no percentual igualitário da oferta de cadeiras para todos os cargos.

A história política de Guida Calixto começou ainda na infância, presenciando as lutas dos pais, militantes de base do Partido Comunista Brasileiro.

A influência política familiar fez com que ela também se engajasse nas causas. Hoje, além da opressão contra as mulheres, atua contra a precarização do trabalho. Para ela, o espaço político só será mais igualitário quando o trabalho invisível do cuidado, executado pelas mulheres, for mais igualitário.

Vereadora Guida Calixto. Foto: Câmara Municipal de Campinas

Apesar do crescimento de mulheres eleitas vereadoras, os números ainda estão bem abaixo do percentual que elas representam do eleitorado. Segundo a Justiça Eleitoral, 81,8 milhões de eleitores são do sexo feminino, representando 52,4% do total de eleitores. Os homens somam 74 milhões, 47,5% do total.

A cientista política Graziella Testa, da FGV Brasília, pontua o que ainda pode estar por trás da contradição desses números.

Confira as 18 mulheres que já ocuparam o cargo de vereadora em Campinas:

1- Vera Pinto Teles (1948 – 1951) 
2- Silvia Simões Magro (1948-1951) 
3 – Enéa Caldato Raphaelli (1969-1972) 
4 – Clara de Oliveira (1973-1976) 
5 – Arita Pettená (1989-1992) 
6 – Célia Leão (1989-1992) 
7 – Vanda Russo (1989-1992) 
8 – Ester Viana (1997-2000) 
9 – Maria José da Silva Cunha (2001-2004) 
10 – Terezinha de Carvalho (2001-2004 / 2005-2008) 
11 – Izabel Rocha (Agosto de 2004) 
12 – Leonice da Paz (2005-2008) 
13 – Marcela Moreira (2005-2008) 
14 – Neusa do São João ( 2013 – 2016)
15 – Mariana Conti (2017-2020; 2021-2024 e 2025-2028)
16 – Debora Palermo (2021-2024; 2025-2028)
17 – Guida Calixto  (2021-2024; 2025-2028)
18 – Paolla Miguel (2021-2024; 2025-2028)
19 – Fernanda Souto (2025-2028)

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