Caos no transporte de Campinas: pelo menos 13 ônibus quebrados em 4 horas

Fotos: Ouvintes CBN

Ainda sem um prazo para a chegada dos “50 novos ônibus” para renovar parcialmente a frota de Campinas, o usuário do transporte coletivo campineiro sofreu com veículos quebrados nesta segunda-feira.

Ouvintes e a apuração da CBN Campinas apontam que ao menos 13 ônibus quebraram só entre 5h e 9h.

Na Avenida John Boyd Dunlop, entre a Escola Estadual Elvira de Pardo Meo Muraro e a Rodovia dos Bandeirantes, um trecho de quase 3km de extensão, três ônibus quebraram. Os três são articulados, e um deles atrapalhou muito o trânsito em um horário de grande movimentação.

Um estava na marginal, em frente à escola. Outro, na faixa da esquerda, no Terminal Satélite Íris. E o terceiro na altura da Estação BRT Bandeirantes.

No corredor da Camucim e Ruy Rodrigues, quatro ônibus quebrados. Um dentro do Terminal BRT Ouro Verde, outros dois no Parque Universitário, um em cada sentido, sendo um de cooperativa. O quarto estava na própria Camucim.

Na Avenida Mercedes-Benz, um articulado parou em uma área de terra e não atrapalhou o trânsito, pelo menos.

Na Rodovia Santos Dumont, no ponto que fica na passarela do Parque Oziel, sentido Centro, um ônibus da linha 120 quebrou por volta das 5h e ficou lá até depois das 9h.

Na Avenida Prestes Maia, outro ônibus quebrou no ponto que fica no sentido Centro, na altura da Casa da Criança Paralítica.

Um ônibus da linha 353 quebrou na Estação Expedicionários, e outro quebrou no itinerário.

E um ônibus do BRT do Ouro Verde quebrou na Avenida Senador Saraiva.

A Emdec afirma que monitora constantemente a operação, e que todos os passageiros dos veículos que quebraram foram transferidos.

Todas essas situações apenas resumem o estado que a frota de ônibus de Campinas está: velha. Um levantamento feito pela EPTV há pouco mais de um mês mostrava que, por dia, 48 ônibus quebravam em Campinas.

A falta de manutenção é evidente. Além de rodas e pneus se soltando, não é raro ver ônibus com a lataria amassada, portas desalinhadas, e até carrocerias tortas.

De acordo com o contrato das concessionárias que operam o transporte público de Campinas, a idade média da frota é de cinco anos para os veículos convencionais, e 15 para os articulados, os sanfonados. No entanto, essa regra vem sendo desrespeitada há anos.

Com base em um relatório da frota ativa no sistema de transporte entre janeiro e fevereiro, obtido via Lei de Acesso à Informação por fontes da CBN, a média por empresas ficou:

  • VB 1 (Ouro Verde, Vida Nova, Vila União): 11,25 anos.
  • Itajaí Transportes Coletivos (Campo Grande): 12,16 anos, mas é necessário considerar que a maior parte da frota é de articulados, que tem mais tempo para rodar.
  • Expresso Campibus (Padre Anchieta e Florence): 8,05 anos.
  • Pádova Coletivos (Sousas): 14,35 anos.
  • VB 3 (Barão Geraldo, Amarais, Abolição): 9,97 anos.
  • Onicamp (Nova Europa, Oziel, Nova América): 12,06 anos.

A lista não inclui as cooperativas.

Sobre os 50 novos ônibus, um pedido feito pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos), a Emdec afirma que está fazendo o acompanhamento e a cobrança dos prazos acordados. A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas confirmou que a VB 1 vai fazer remanejamento de outros veículos do grupo e trazer alguns veículos usados. Já a Itajaí Transportes Coletivos vai alugar a frota.

Apesar de a Emdec não confirmar as quantidades, a reportagem sabe que serão 30 ônibus trazidos pela VB 1, a maioria usada do Rio de Janeiro, e a Itajaí deve alugar 20 coletivos, mas ainda não há a certeza se alguns serão repassados para a Onicamp, que é do mesmo grupo. As outras não vão trazer nada.

Esses 50 representam 4,63% do total da frota que circula na cidade, que é de 1.078 veículos, ainda conforme a Emdec.

A nova licitação do transporte ainda está em andamento. Está na fase de consultas públicas, para supostamente receber sugestões. O que acontece é que o campineiro está tão cansado do transporte ruim que pede mudanças específicas e pontuais, e não pensa no contexto todo do sistema, o que é até compreensível.

Após a consulta, que tem prazo previsto para terminar no dia 2 de julho, as sugestões que forem aproveitáveis serão analisadas e eventualmente incluídas no texto do edital. Aí depois o processo vai ser avaliado pelas possíveis interessadas, em um prazo de mais 45 dias úteis.

Se no final das contas o edital não for considerado deserto novamente, e se o Tribunal de Contas do Estado não barrar alegando qualquer problema, como aconteceu da primeira vez, é possível que Campinas saiba quem serão as novas empresas operadoras –se é que serão novas mesmo, não as mesmas atuais com novos nomes– lá para setembro, talvez outubro.

E como ainda há o tempo de impugnação de resultados, análises das medidas, o anúncio final e o tempo de “transição” entre as empresas, o novo transporte de Campinas pode acontecer apenas em 2026. Sendo bem otimista.

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