Você costuma lavar as mãos antes das refeições? E depois de tocar em corrimãos, dinheiro ou superfícies públicas? Já parou para pensar quantas vezes por dia higieniza as mãos corretamente?
Atitudes simples como essa podem parecer banais, mas fazem toda a diferença na prevenção de doenças. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça esse alerta com a campanha “Salve Vidas: Higienize Suas Mãos”, realizada ao longo do mês de maio, destacando a importância da higiene como uma das medidas mais eficazes para evitar infecções — especialmente em ambientes hospitalares, mas também no dia a dia.
Estudos da OMS mostram que a higienização correta das mãos pode reduzir em até 40% o risco de infecções como gripe, diarreia, conjuntivite e outras doenças infecciosas, incluindo as chamadas IRAS (Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde). O alerta é ainda mais urgente em países de baixa e média renda, onde a taxa de infecção hospitalar pode ser até 20 vezes maior do que em países desenvolvidos. Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), por exemplo, até 30% dos pacientes podem ser afetados por alguma infecção durante a internação.
Em entrevista à CBN, a médica infectologista Cláudia Vidal, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, explica por que a higiene das mãos deve ser uma prática diária e constante. Segundo ela, é indispensável lavar as mãos antes e depois das refeições, após o uso do banheiro, ao manipular alimentos, cuidar de ferimentos ou tocar o rosto.
“A higiene pode ser feita com água e sabão ou com álcool em gel. A água e sabão são essenciais quando as mãos estão visivelmente sujas, enquanto o álcool em gel é prático e eficaz quando não há estrutura disponível”, reforça a médica.
A infectologista também destaca os riscos de não higienizar as mãos após o contato com superfícies públicas. “Nessas situações, há chance de levar microrganismos à boca, olhos ou nariz, o que pode causar infecções respiratórias, gastrointestinais ou conjuntivites”, afirma.
Outro aspecto importante é o impacto da má higienização das mãos na resistência antimicrobiana — uma das principais ameaças à saúde global. Quando infecções que poderiam ser evitadas com a higiene exigem o uso de antibióticos, há risco de destruir a microbiota protetora do corpo e favorecer o crescimento de bactérias resistentes.
Segundo a Anvisa, o Brasil registrou mais de 34 mil infecções associadas a dispositivos invasivos em UTIs somente em 2023, sendo 24 mil em unidades adultas, mais de 6 mil em neonatais e mais de 3 mil em pediátricas.
Nas ruas de Campinas, a conscientização já faz parte da rotina de alguns moradores, que afirmaram que mantêm o hábito de lavar as mãos regularmente, principalmente após sair de casa.
Com atitudes simples e acessíveis, como lavar as mãos com água e sabão ou usar álcool em gel, é possível romper a cadeia de transmissão de doenças, proteger os mais vulneráveis e reduzir a sobrecarga no sistema de saúde.