Sotaques diferentes, mas a mesma língua. Essa é uma das primeiras semelhanças que aproximam brasileiros e angolanos. Quem conversa com os médicos que chegaram recentemente a Campinas percebe logo a familiaridade: o português é o mesmo, com algumas expressões e entonações próprias. Mas além da linguagem, há outros laços que tornam especial a troca de experiências entre os dois países — como o cuidado com a saúde pública.
Desde o início de maio, 50 médicos angolanos estão em Campinas para uma vivência prática no Sistema Único de Saúde. Eles ainda não realizam atendimentos diretos, mas acompanham de perto a rotina dos centros de saúde da cidade, observando e participando do trabalho das equipes de atenção primária, participando de ações educativas e conhecendo a organização do SUS.
O projeto, que vai até setembro, é resultado de uma parceria entre os governos do Brasil e de Angola, a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, como explica Rubens Bedrikow, da Unicamp, responsável pelo projeto.
Entre os médicos está Maria Antônio Kahala, de Angola, ela atua junto ao Centro de Saúde Rosalio.
No San Diego, dois médicos angolanos acompanham o trabalho dos agentes comunitários. A agente Maria Neuza Lira conta que a presença deles no bairro tem feito diferença.
O cabeleireiro Francisco Souza, morador do bairro, diz que ficou curioso quando soube que médicos de outro país participariam das ações.
O médico angolano Paulino Gouveia, que está na região do San Diego, afirma que tem aprendido muito com a estrutura e organização do SUS.
Já o colega Lusembo Nzuzi Cristiano também destaca o acolhimento dos brasileiros:
O médico angolano Manasses Gomes, que acompanha as equipes no Centro de Saúde do Campo Belo, falou das semelhanças entre as comunidades de Campinas e Angola.
Além da presença nos centros de saúde entre segunda e quinta-feira, os médicos angolanos participam de encontros teóricos às sextas-feiras na Unicamp, onde aprofundam o conhecimento sobre o funcionamento do SUS e os princípios da atenção primária.
Para a médica Mayara Motta Melo, da Secretaria de Saúde e integrante do projeto SUS Sem Fronteiras, o intercâmbio tem sido positivo também para a cidade.
O projeto marca uma nova etapa da parceria entre a Unicamp e o governo angolano, que completa 20 anos em 2025.