Laboratório de segurança máxima em Campinas identificou o primeiro caso de gripe aviária em granja comercial no Brasil

foto: Arquivo Agência Brasil

A cidade de Campinas abriga atualmente o laboratório mais seguro do país e referência na América Latina na detecção de doenças com alto risco biológico — o mesmo que identificou o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial brasileira. Trata-se do Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP), que opera com o mais alto nível de biossegurança atualmente em funcionamento no Brasil (NB3+).

O laboratório segue protocolos rigorosos, com controle de acesso por senha, travamento automático de portas e proibição de entrada com celulares, alimentos, óculos e até lentes de contato. A unidade atua desde 1979 no monitoramento de agentes infecciosos e é ligada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Em 2023, o laboratório identificou a presença do vírus da influenza aviária em aves silvestres — o primeiro registro da doença em território nacional, como contou Henrique Horta, chefe do Serviço Técnico Laboratorial do LFDA.

A estrutura do LFDA é considerada essencial para responder a emergências sanitárias envolvendo agentes infecciosos de alto risco. Atualmente, um novo laboratório de nível 4 de biossegurança (NB4) — ainda mais avançado — está em construção no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), também em Campinas.

Na última quinta-feira (15), o LFDA recebeu amostras coletadas em uma granja do Rio Grande do Sul, suspeitas de contaminação pelo vírus da gripe aviária. Nesse mesmo período, uma equipe de jornalismo da EPTV Campinas, afiliada da Rede Globo, em parceria com o Fantástico, teve acesso exclusivo ao laboratório, registrando os bastidores da operação.

As amostras estão armazenadas em uma área de biossegurança máxima, onde o acesso é extremamente restrito. A entrada exige o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), e é proibido portar objetos pessoais como anéis, brincos, lentes de contato e aparelhos eletrônicos. “Todo o acesso é controlado e segue protocolos rígidos de segurança”, explica a auditora fiscal federal agropecuária Juliana Nabuco Pereira Otaka.

Outro protocolo adotado é a desinfecção com formol, substância inflamável e de odor forte, que exige ambientes controlados para evitar riscos aos profissionais e danos a equipamentos.

Os estudos realizados no laboratório buscam agora identificar a origem da contaminação registrada em Montenegro (RS). Uma das hipóteses em investigação é a ligação com um surto de gripe aviária que matou 90 aves aquáticas no zoológico de Sapucaia do Sul, município vizinho. Outro laboratório também realiza análises para verificar se o vírus é o mesmo.

Além disso, o LFDA-SP está analisando uma suspeita de gripe aviária em galinhas de uma granja comercial em Aguiarnópolis, no Tocantins.

Com a confirmação do caso no sul do país, alguns países suspenderam temporariamente a importação de carne de frango brasileira. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a expectativa é de que a situação esteja controlada em até 28 dias.

Fávaro também reforçou que não há risco para a saúde da população, nem para o consumo de carne de frango ou ovos.

“Todos os trabalhadores que tiveram contato com os animais estão em isolamento e sendo monitorados. Fora isso, a população pode ficar tranquila. Não há risco algum à saúde pública. Sigam com suas atividades normalmente”, concluiu o ministro.

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