No Radar: Entenda como Viracopos se tornou um ‘pesadelo’ para o crime organizado

Em 2018, um roubo de cinco milhões de dólares dentro do sítio aeroportuário levou a corporação a repensar a segurança no local.
Foto: Giovanna Peterlevitz/Acidade on

Um assalto em 2018 mudou a estratégia contra o crime organizado e o tráfico internacional.

Por trás das portas da área restrita do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, longe do olhar dos passageiros, opera uma engrenagem complexa e silenciosa de combate ao crime. Ali, a Polícia Federal atua em uma estrutura estratégica impulsionada pela necessidade crescente de reforçar a segurança aérea.

A atual estrutura da Polícia Federal no aeroporto é resultado direto de episódios que escancararam fragilidades do sistema de segurança.

Em 2018, um roubo de cinco milhões de dólares dentro do sítio aeroportuário levou a corporação a repensar a segurança no local. No ano seguinte, em 2019, a delegacia da PF em Campinas deu início a uma reformulação estratégica que mudou o paradigma da segurança em Viracopos.

O delegado-chefe da Polícia Federal em Campinas, Edson Geraldo de Souza, explica:

“Quando a Polícia Federal iniciou esse novo planejamento estratégico em razão de Viracopos, em 2019, um dos principais objetivos era, primeiro, reforçar a segurança de Viracopos para que não houvesse novos roubos e esclarecer o roubo de 2018, onde haviam sido roubados 5 milhões de dólares. A Polícia Federal já vinha trabalhando no roubo de 2018, quando, surpreendentemente, já fazia seis meses que nós estávamos trabalhando nisso, em 2019, veio um novo roubo. Nesse momento, quando aconteceu esse segundo roubo, em 2019, a equipe aeroportuária já estava melhor preparada porque já tinha passado por treinamentos da própria Polícia Federal”, explica.

Para responder a essas ameaças, foi criada a Operação Overload, que desencadeou mudanças estruturais e institucionais. A partir dela, surgiu uma unidade própria de inteligência dentro do aeroporto, subordinada diretamente ao núcleo da delegacia. Sua missão? Fiscalizar contratações, mapear perfis de risco, identificar vulnerabilidades e manter diálogo constante com a concessionária Aeroportos Brasil Viracopos. O delegado Edson explica o papel dessa unidade:

“Criada a unidade de inteligência, foi criado um segundo grupo para reforço desse trabalho, que era o Grupo Especial de Repressão a Tráfico de Drogas. Esses dois grupos trabalhariam em conjunto e seriam responsáveis pelo monitoramento de riscos na aviação civil, ato de interferência ilícita na aviação civil e, por consequência, crimes a bordo de aeronaves”.

Além de restabelecer a segurança no terminal, a operação teve foco especial na repressão ao tráfico de drogas — inclusive por meio do Terminal de Cargas, onde os criminosos faziam remessas de entorpecentes tanto pelo compartimento de cargas quanto pelo porão das aeronaves. E o desafio não é pequeno: Viracopos abriga um dos maiores terminais de carga da América Latina, com capacidade para movimentar 1 milhão de toneladas por ano.

O Aeroporto Internacional de Viracopos é um empreendimento que deve ser muito respeitado, porque ele é uma referência nacional e internacional, e é uma referência não só pela qualidade do serviço prestado, mas também pela grandiosidade, pelo volume de cargas que transporta e pelo volume de passageiros. Nós estamos falando de 13 a 14 milhões de pessoas passando pelo aeroporto. Essa complexidade traz mais responsabilidade à Polícia Federal. E quando nós começamos o trabalho de aprimoramento, aperfeiçoamento do sistema de segurança, que conta com inúmeros players, inúmeros parceiros, nós trouxemos a Operação Overload. A Operação Overload tinha por principal ação evitar que pessoas fossem corrompidas ou identificar as pessoas que já haviam sido corrompidas dentro do sítio aeroportuário para impedir a quebra da cadeia de segurança do aeroporto. Então, a Operação Overload foi um arco, foi um divisor de águas nessa questão da qualidade da segurança do aeroporto, onde nós passamos a fiscalizar tanto o terminal de passageiros quanto o terminal de cargas.”

Na próxima reportagem, você vai conhecer as tecnologias de última geração que ajudaram a transformar Viracopos em uma fortaleza contra o tráfico. Do espectrômetro de massa ao body scanner, descubra como a inovação virou aliada da segurança.

Por: Giovanna Peterlevitz/ Acidade on*

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