O Ministério da Agricultura e Pecuária emitiu um novo ofício nesta quarta-feira ampliando a proibição de consumo e comercialização de todos os produtos fabricados pela empresa Nutratta Nutrição Animal, independentemente da espécie a que se destinam.
A medida vale para todos os itens com data de fabricação a partir de 22 de novembro de 2024.
De acordo com o novo documento, a decisão foi tomada após a fiscalização identificar diversas falhas graves nos processos de produção da empresa.
Entre elas estão a ausência de controle adequado sobre os lotes envolvidos, falhas nos registros de produção, falta de separação entre matérias-primas como torta de algodão, resíduo de soja e feno nos silos, além do uso de ingredientes não autorizados, como o resíduo de soja, que não consta na lista de matérias-primas aprovadas.
O Ministério também apontou a falta de rastreabilidade integral da produção, o que torna tecnicamente impossível garantir a segregação segura dos produtos por espécie ou por lote. Além disso, foi identificada a presença de uma substância que, em concentrações altas, é capaz de causar doença e morte em equídeos e outras espécies animais.
Desde o início da investigação, iniciada em maio, foram registradas pelo menos 122 mortes de cavalos em quatro estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Alagoas. Na região de Campinas, o caso mais grave foi registrado em Indaiatuba, onde pelo menos nove cavalos morreram após consumirem a ração produzida pela Nutratta, segundo relatos de tutores. Os animais estavam alojados no Rancho Alvorada, que contratava a alimentação diretamente com a fabricante.
Exames realizados nos animais apontaram alterações relacionadas à função hepática. A prefeitura de Indaiatuba informou, na época, que acompanhava o caso por meio do Centro de Reabilitação Animal e aguardava os resultados das análises laboratoriais para entender melhor as causas das mortes.
O Ministério reforça que a proibição é uma medida preventiva para proteger a saúde animal e que a responsabilidade pela retirada dos produtos de circulação é da própria empresa. Denúncias sobre casos suspeitos devem ser feitas por meio da Ouvidoria do Mapa, no site gov.br/agricultura.
A empresa foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos feitos pelo Grupo EP.