O vereador Zé Carlos (PSB), de Campinas, confessou ao Ministério Público de São Paulo que pediu propina para renovar ou manter contratos com empresas terceirizadas da Câmara.
A admissão foi feita por meio de um acordo de não persecução penal, firmado no dia 10 de junho. No documento, o vereador reconhece que a propina seria destinada a ele mesmo.
O ex-secretário de Relações Institucionais da Câmara, Rafael Creato, também confessou a prática no mesmo acordo. Ambos eram investigados por corrupção passiva desde 2022. Com a confissão e assinatura do termo, os dois não serão processados e terão a punibilidade extinta.
Pelo acordo, Zé Carlos vai pagar o equivalente a 100 salários mínimos — cerca de R$ 151,8 mil — em 15 parcelas. Já Rafael Creato se comprometeu a pagar R$ 45.450 em 12 vezes.
O advogado do vereador, Ralph Tórtima Stettinger Filho, informou que não vai se manifestar sobre o caso, alegando que o processo está sob sigilo judicial. Mas reforçou que Zé Carlos não foi e não será processado por esses fatos.
A investigação começou após a denúncia do empresário Celso Palma, que operava a TV Câmara. Ele gravou conversas com o vereador e o ex-secretário nas quais, segundo o MP, foram feitos os pedidos de propina. Também foram entregues e-mails à promotoria.
Apesar da confissão formal ao Ministério Público, a Câmara de Campinas não abriu processo de cassação. Em maio, os vereadores rejeitaram a abertura de uma Comissão Processante, mesmo após a CPI instalada sobre o caso apontar “fatos graves”.
Zé Carlos já havia deixado a presidência da Câmara em outubro de 2022. Rafael Creato pediu exoneração do cargo de subsecretário legislativo em setembro do mesmo ano. Procurada novamente após a revelação do acordo, a Câmara informou que não vai se manifestar.