Ministério da Agricultura apura falha no controle de matéria-prima da ração Nutratta; 245 cavalos morreram

Foto: Ministério da Agricultura e Pecuária

O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) já registrou a morte de 245 cavalos após o consumo de ração contaminada da empesa Nutratta Nutrição Animal. Os casos aconteceram em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas, com investigações em andamento também na Bahia e em Goiás Entre os registros em São Paulo, além de Jarinu, um haras, em Indaiatuba. O local, que comprava a ração há cinco anos, perdeu 46 cavalos em dois meses.

O problema começou a ser investigado no dia 26 de maio, depois da primeira denúncia feita à Ouvidoria do Ministério.

Amostras coletadas pela fiscalização detectaram a presença de uma substância química encontrada em plantas crotalárias. O Ministério confirmou que os animais doentes haviam consumido rações da Nutratta, enquanto animais sadios não – como detalhou o Secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulard, em entrevista do Fantástico, no último domingo, dia 14.

A crotalária é uma planta comum no Brasil, que cresce naturalmente em pastagens e é valorizada pela capacidade de fixar nitrogênio no solo, agindo como um “adubo verde”.

No entanto, após a fixação do nitrogênio, é importante que a planta seja removida. A razão é que o desenvolvimento das favas e sementes concentra grandes quantidades dos alcaloides pirrolizidínicos, como a monocrotalina, tornando-as extremamente tóxicas aos animais – como explicou Silvia Gorniak, veterinária do departamento de toxicologia da USP.

De acordo com o veterinário, Nei Pereira, nos cavalos, o principal órgão atingido é o fígado.

Como medida, no dia 25 de junho, o Ministério suspendeu toda a linha de produção da empresa. A Nutratta conseguiu autorização judicial para produzir alimentos para vacas e ovelhas, mas a produção de ração para cavalos continua proibida. O Ministério informou que vai recorrer da decisão.

O advogado Eduardo Lucena , que representa 40 donos de animais que morreram, disse que medidas jurídicas estão sendo tomadas.

Em nota publicada no dia 11 de julho, a Nutratta manifestou solidariedade aos criadores, proprietários e profissionais afetados pelas mortes. A empresa afirmou que, desde os primeiros sinais do problema, optou por agir com cautela e priorizou a apuração técnica dos fatos. Disse ainda que tem colaborado integralmente com os órgãos competentes e reforçado os controles internos com apoio técnico especializado.

A empresa também informou que as linhas de rações para cavalos e vacas são desenvolvidas de forma independente. E que não há qualquer registro de problemas nos produtos destinados à bovinocultura.

O Ministério segue exigindo o recolhimento dos lotes contaminados e mantém canais abertos para novas denúncias. A recomendação para tutores, criadores e veterinários é que não utilizem produtos da Nutratta destinados a cavalos até a completa investigação do caso.

Nota Nutratta Nutrição Animal Ltda

“Antes de qualquer consideração técnica ou institucional, a Nutratta deseja expressar, com profunda sinceridade, sua solidariedade a todos os criadores, proprietários, profissionais e apaixonados pelo mundo equestre que estão enfrentando este momento extremamente difícil.

Receber relatos de perdas de animais tão valiosos — não apenas do ponto de vista econômico, mas, sobretudo, afetivo — tem nos tocado de forma intensa e pessoal. Sabemos que, para muitos, esses animais são parte da família, companheiros de vida e trajetória. Sentimos profundamente a dor de cada um, e nos solidarizamos com genuína empatia pelo sofrimento que atravessa todo o setor.

Desde os primeiros sinais de anormalidade, optamos por agir com máxima responsabilidade e cautela, evitando qualquer tipo de manifestação precipitada. Em respeito à gravidade do que está sendo vivenciado, concentramos todos os nossos esforços na apuração técnica rigorosa dos fatos, colaborando de forma integral com os órgãos competentes e reforçando nossos controles internos com o apoio de nosso corpo técnico especializado.

Ressaltamos que o nosso pronunciamento, nesse momento, não se deu por omissão, mas sim por respeito à busca pela verdade – um dos valores inegociáveis da empresa. Preferimos adotar uma postura responsável e conservadora, ao invés de emitir alertas sem fundamentação técnica ou orientações precipitadas diante de um cenário desconhecido, sensível e sem precedentes. Esta postura foi adotada em nome da transparência, da ética e da integridade do processo de apuração.

É importante destacar que a Nutratta detém patente sobre a tecnologia de extrusão de fibras aplicada à nutrição animal, com resultados comprovadamente superiores à média do mercado. Essa tecnologia exclusiva reflete nosso compromisso com a inovação, qualidade e segurança nutricional. Atuamos há mais de 13 anos no mercado de nutrição equina e somos reconhecidos pela seriedade, consistência técnica e pelo respeito às necessidades dos animais e dos profissionais que confiam em nossos produtos. Ao longo dessa trajetória, construímos relações pautadas em responsabilidade, pesquisa e compromisso com a vida.

Esclarecemos que as linhas de nutrição equina e bovina da Nutratta são desenvolvidas de forma totalmente independente, com formulações distintas e protocolos de produção específicos para cada espécie, conforme os mais rigorosos padrões técnicos e sanitários. Até o momento, não há qualquer evidência de contaminação ou falha nos produtos destinados à bovinocultura. A ração bovina segue sendo utilizada por diversos clientes, sem qualquer intercorrência clínica registrada.

Em relação à linha equina, informamos que a unidade fabril foi interditada preventivamente pelo Ministério da Agricultura na última quarta-feira (04), por meio de termo de suspensão cautelar de fabricação, como parte dos procedimentos de fiscalização em curso. A interdição foi acompanhada pela coleta de diversas amostras de matérias-primas e produtos acabados, além do lacre de um caminhão, encaminhado para realização de análises laboratoriais completas (incluindo testes para monensina, clostridium e micotoxinas). Todas as exigências vêm sendo integralmente atendidas por nossa equipe, que permanece à disposição das autoridades para fornecer todo o suporte necessário à investigação.

Ressaltamos que todas as medidas possíveis já foram adotadas desde os primeiros relatos, com revisão de protocolos, suspensão preventiva de lotes e rastreabilidade completa da cadeia de suprimentos. As amostras das matérias-primas fornecidas por nossos parceiros também foram recolhidas pelo MAPA para análise.

Acreditamos que, com base nas amostras sob responsabilidade dos laboratórios oficiais, será possível alcançar, em breve, uma conclusão clara e embasada. Sabemos que nenhum laudo técnico trará de volta os animais perdidos, mas seguimos comprometidos em buscar, com total transparência, respostas que possam oferecer ao menos alguma forma de justiça e aprendizado diante de tamanha tragédia.

Reiteramos nosso compromisso com a verdade, a ética e o respeito incondicional à vida animal e ao setor equestre brasileiro. A Nutratta permanece à disposição de todos os clientes, distribuidores e profissionais para qualquer esclarecimento necessário, visitas técnicas e acompanhamento de todas as etapas do processo investigativo.

Assim que houver uma posição oficial por parte do MAPA, a primeira comunicação pública será feita diretamente a vocês, com a seriedade e sensibilidade que este momento exige. Com respeito, dor compartilhada e solidariedade genuína, Equipe Nutratta”

  • com informações do g1/Fantástico

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