Começa a valer emergência hídrica em Cordeirópolis; veja as regras

Foto: Reprodução/EPTV

Cordeirópolis é a primeira cidade da região a restringir o uso de água potável para atividades não essenciais durante o período de estiagem. A medida já está em vigor e foi determinada por decreto do município, com o objetivo de evitar o agravamento da crise hídrica e conscientizar a população sobre o uso responsável da água. 

Está proibido lavar calçadas, quintais e carros, exceto em estabelecimentos comerciais que atuam com lavagem de veículos. O uso inadequado será punido com advertência. Em caso de reincidência, a multa será equivalente ao dobro da última conta de água e esgoto. Se o desperdício persistir, o valor triplica. A fiscalização será feita pelo SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), com apoio do Pelotão Ambiental. O infrator tem até cinco dias úteis para apresentar recurso. 

De acordo com o SAAE, a cidade conta hoje com três pontos principais de captação de água: Santa Marina 1, Barro Preto e Cascalho. A captação em Ibicaba foi desativada no fim de 2023. A reserva estratégica de água também é menor do que o estimado anteriormente: são duas cavas de argila, mas uma delas pertence a Santa Gertrudes e já está cedida a outra concessionária. 

A nova barragem de Santa Marina, anunciada como solução para o abastecimento, foi entregue com problemas. Embora tenha sido divulgada capacidade de 1,5 bilhão de litros, o volume real é de cerca de 400 milhões — suficiente para abastecer o município por cerca de 45 dias. A comporta da barragem será consertada em setembro, exigindo o esvaziamento temporário. A área ainda precisou de limpeza e vai passar por reflorestamento, conforme exigência ambiental. 

O SAAE também apontou que a gestão atual herdou o sistema com sérios problemas: quatro bombas móveis de captação estavam com defeito, mais de 3 mil metros de tubulação desapareceram entre 2019 e 2025, e havia dívidas com fornecedores, contas de energia e pendências com a agência reguladora ARES-PCJ, que estão sendo regularizadas. 

Outro fator que pressiona o sistema é a liberação de 12 novos loteamentos em 2024, sem estrutura mínima de saneamento. Hoje, a rede já opera com 90% da capacidade. A cidade ainda firmou um convênio estadual de R$ 5 milhões para obras, mas os recursos foram repassados antes da elaboração do projeto técnico e sem as autorizações necessárias para a construção da nova adutora. 

A Cetesb informou, por meio de nota, que a barragem Santa Marina foi inaugurada em junho de 2024 e que o pedido de licença de operação foi protocolado logo após a inauguração. No entanto, desde janeiro de 2025, a nova gestão não deu continuidade ao processo. A agência também afirmou que há confusão, por parte da atual administração, entre o volume previsto na licença inicial e a capacidade total de reservação, que só pode ser utilizada após a finalização do processo de licenciamento definitivo.

A obra, ainda segundo a Cetesb, foi auditada e aprovada por órgãos como a própria companhia, Tribunal de Contas, Caixa Econômica Federal e Ministério da Integração. Segundo a nota, a atual falta de água é consequência de uma falha de planejamento da nova gestão, que priorizou a utilização da represa de Cascalho durante o período de chuvas e não solicitou autorização para uso emergencial da Santa Marina, medida que poderia ter sido facilmente aprovada.

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