A Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha a investigação do acidente da VoePass aprovou nesta quarta-feira (13) um relatório com denúncias sobre a manutenção das aeronaves e a fiscalização da Anac.
O relator dos trabalhos, o deputado federal pelo Paraná, Nelsinho Padovani (União), cobrou a apuração de supostas falhas na fiscalização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Padovani declarou que o trabalho do órgão regulador foi “no mínimo hesitante”, e que os fatores que levaram à suspensão das operações da VoePass, em junho, não ocorreram apenas depois da queda do voo 2283.
O relatório da Comissão Externa da Câmara também questiona o procedimento conhecido como “canibalização”, quando um avião deixa de operar para ser desmontado e fornecer peças destinadas ao conserto de outra aeronave. A prática, segundo testemunhas, seria frequente dentro da manutenção da VoePass.
O parecer também aponta os elementos de uma declaração de um ex-funcionário da manutenção da companhia aérea, que afirmou que o sistema de degelo das asas do avião modelo ATR 72-500 apresentaria mau funcionamento, identificado no voo anterior ao acidente.
Para a comissão externa, apesar de as condições meteorológicas adversas também serem um fator que contribuiu para o acidente, outras aeronaves passaram anteriormente pela região e não apresentaram problemas.
Isso denotaria um possível erro de procedimento por parte dos pilotos, contrariando manuais e documentos ligados à aviação, que recomendam evitar rotas com possibilidade de formação de gelo.
Para um dos integrantes da comissão externa da Câmara, o deputado federal por Alagoas, Alfredo Gaspar (União), a Anac falhou no trabalho de fiscalizar as denúncias de manutenção negligente efetuada pela VoePass.
Em nota, a companhia aérea VoePass reiterou solidariedade às famílias das vítimas, e afirma que atua com transparência em colaboração com as investigações.
A empresa rebateu os questionamentos à documentação das aeronaves, e afirma que o ATR envolvido no acidente possuía Certificado de Aeronavegabilidade Válido, com todos os equipamentos obrigatórios em funcionamento.
A VoePass também disse estar empenhada em resolver as questões de indenização, e que a segurança dos passageiros e da tripulação sempre foram sua prioridade.
Também por meio de nota, a Anac negou que tenha faltado com responsabilidade na regulação, fiscalização e vigilância das operações aéreas no país.
A agência afirma que todos os indícios de irregularidades que envolviam a Voepass e outras empresas aéreas foram tratados de forma tempestiva e eficaz pelo órgão regulador.
Por fim, a agência afirma que segue em colaboração com as investigações do Comando da Aeronáutica, e fornece informações sobre as suas atividades às comissões instaladas no Congresso Nacional.