A Polícia Federal prendeu um homem em Paulínia no contexto da megaoperação Carbono Oculto, deflagrada nesta quinta-feira (28).
No local, os agentes apreenderam documentos, dois carros e uma moto.
Já em Campinas, uma fintech que funcionava em um complexo empresarial no Jardim Madalena também foi alvo de um mandado de busca.
Peritos da corporação passaram a manhã no local e apreenderam computadores, que foram levados para a sede da corporação na capital.
Com mandados cumpridos em oito estados do país, a operação uniu a Polícia e a Receita Federal contra um esquema bilionário de fraudes em postos de combustíveis, liderado por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Ainda na nossa região, são três empresas e nove pessoas físicas nas cidades de Paulínia, Jundiaí, Itu, Cosmópolis, Santa Bárbara D’Oeste e Rio das Pedras.
De acordo com a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, o grupo sonegou mais de R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais.
A Receita Federal identificou o uso de fintechs como bancos paralelos para movimentar o dinheiro do esquema criminoso, sem ser rastreado pela Receita.
Uma destas entidades movimentou R$ 46 bilhões. Dentre as participantes da operação estavam postos de combustíveis, distribuidoras, importadoras e empresas de fachada.
A Polícia Federal aponta que uma das práticas irregulares incluía a importação irregular de metanol.
O produto entrava no Brasil por meio do Porto de Paranaguá, mas não era entregue nos destinos indicados nas notas fiscais.
Em vez disso, o produto era desviado e transportado de forma clandestina, sem qualquer respeito às normas de segurança, que previnem contra o risco inflamável e tóxico.
Em entrevista à CBN Campinas, o instrutor do SEST SENAT de Campinas, Osmar Santana Paes, explica que o uso de combustível adulterado pode resultar em uma grande dor de cabeça para o motorista, que pode até mesmo perder o motor do próprio carro.
O metanol é um composto químico usado para adulterar combustíveis, e deixava esses produtos fora das especificações técnicas da ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Em coletiva de imprensa realizada em Brasília, o auditor da Receita Federal, Cláudio Ferrer, enalteceu a união de esforços na mega operação e que deve agilizar o combate ao crime organizado.
O diretor geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, destacou a aposta no corte do financiamento do sistema que apoia o funcionamento do crime organizado.
Além disso, os consumidores pagavam por valores menores do que os informados nas bombas.
A quantidade de produto indicada no painel da bomba de combustível não correspondia ao volume injetado no tanque.
A Polícia também identifica que os donos de postos de gasolina que venderam os pontos para o PCC não teriam recebido os valores da negociação. Eles também eram ameaçados caso fizessem qualquer tipo de cobrança.
Entre 2020 e 2024, esse esquema movimentou R$ 52 bilhões. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional pediu o bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens dos investigados.