A Prefeitura de Piracicaba informou que o atendimento à população nas Unidades de Pronto Atendimento Vila Cristina e Vila Sônia não foi interrompido e segue normalmente, apesar de uma operação feita pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com apoio da Polícia Federal, Secretaria Estadual da Fazenda e Polícia Militar.
A ação, que também ocorreu em outras cidades do Estado e em diferentes regiões do país, teve como objetivo apurar possíveis irregularidades cometidas pela Associação Mahatma Gandhi e pela Organização Social de Saúde Mahatma Gandhi, responsáveis pela gestão das duas UPAs desde maio de 2023. Em Piracicaba, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, com recolhimento de computadores e documentos, mas sem impacto no atendimento.
A Justiça determinou a intervenção judicial na OSS, afastando a antiga diretoria para investigação e nomeando a empresa FVS Administração e Gestão Judicial como interventora. Segundo o Ministério Público, a entidade é investigada por suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que teria desviado valores milionários da saúde pública, com movimentações suspeitas superiores a R$ 1,6 bilhão.
A operação, batizada de “Duas Caras”, cumpriu mais de cem mandados, incluindo 12 de prisão temporária, afastamento de dirigentes e bloqueio de bens. As ações ocorreram em municípios de São Paulo e também no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
De acordo com as investigações, a organização criminosa usava empresas ligadas ao próprio grupo para emitir notas fiscais frias e superfaturadas, mantendo uma contabilidade paralela para facilitar o pagamento de propinas e vantagens indevidas, ampliar influência política e garantir novos contratos de gestão. O MP aponta que a atuação fraudulenta impactou serviços de saúde, com registros de mortes em unidades administradas pela OSS e elevado número de ações trabalhistas.
Em Piracicaba, o vice-prefeito e secretário de Saúde, Sergio Pacheco, e o procurador-geral do município, Marcelo Maroun, acompanharam a operação nas duas UPAs e reforçaram que a população continuará sendo atendida normalmente.
Segundo o Ministério Público do Trabalho, há cinco inquéritos ativos contra o Hospital Psiquiátrico Mahatma Gandhi, além de uma ação civil pública ajuizada em 2010 que ainda tramita na Justiça do Trabalho de Catanduva. Entre as investigações, estão casos de descumprimento de cota de jovens aprendizes, irregularidades na contratação de serviços terceirizados, não pagamento do piso nacional de enfermagem, desvio de função e problemas na jornada de trabalho.