O Arcebispo Emérito de Campinas, Dom Gilberto Pereira Lopes, faleceu na noite desta segunda-feira (22), aos 98 anos.
Ele estava internado há quase um mês na Unidade Coronariana do Hospital PUC-Campinas para tratar um quadro de pneumonia.
Natural de Santaluz (BA), Dom Gilberto ingressou no seminário em Petrolina (PE) nos anos 1940, seu primeiro passo na vida litúrgica do catolicismo.
Formado em Filosofia e Teologia em Pernambuco e, mais tarde, em Pedagogia pelo Instituto Católico de Paris, recebeu a Ordenação Episcopal pela primeira vez em 1966, quando assumiu a Diocese de Ipameri (Goiás).
Na primeira metade da década de 1970, Dom Gilberto ocupou posições de liderança na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Com a renúncia de Dom Antônio Maria Alves de Siqueira, em 1980, o sacerdote foi formalmente empossado no mesmo ano como Arcebispo Metropolitano, em solenidade na Catedral e, mais tarde, pela liturgia do Vaticano.
A frente da Arquidiocese de Campinas, criou diretrizes e reestruturou a chamada “ação pastoral”, a forma como a Igreja atua junto à comunidade.
Dom Gilberto apoiou a criação de serviços voltados à população em situação de rua, o trabalho das comunidades eclesiais de base e a moradia para os padres idosos.
Em julho de 2001, foi anfitrião do 14º Congresso Eucarístico Nacional, organizado pela CNBB e sediado em Campinas. Em sua missa de encerramento, o evento reuniu quase 150 mil fiéis católicos na Praça Arautos da Paz.
Em 2002, quando completou 75 anos, Dom Gilberto apresentou sua renúncia, mas permaneceu no cargo até junho de 2004, quando o documento foi aceito pelo então Papa João Paulo II.
Clero relembra Dom Gilberto
O Arcebispo Metropolitano de Campinas, Dom João Inácio Müller, lembrou da sensibilidade e da capacidade de diálogo de Dom Gilberto. “Nós agradecemos estes 98 anos e meio de dom, graça e presença dele, de modo muito particular do jeito dele de ser: querido, espontâneo, natural. Quem via Dom Gilberto via a alma dele. Ele foi um bom pastor, pois tinha uma clareza muito grande por onde a Igreja devia caminhar e porque ele soube trazer para perto dele os líderes, os padres da época”, avaliou.
Uma das pessoas mais próximas ao Arcebispo Emérito foi o Padre José Antônio Trasferetti, reitor do Santuário Santa Rita de Cássia, que recordou a dimensão caridosa de Dom Gilberto. “Ele viveu em tudo a experiência desse tempo da Igreja. Foi um homem amável, caridoso, transparente, amigo, irmão, companheiro. Fiel ao Evangelho e ao empenho da Igreja no mundo social”, destacou.
O Cônego Luiz Carlos da Fonseca Magalhães afirma que o grande legado de Dom Gilberto está na reorganização da universidade católica de Campinas para atender aos mais pobres. “Porque ele procurou acentuar a identidade católica da universidade e fazer com que a instituição não tivesse apenas como finalidade a formação de alunos e de profissionais, mas tivesse também um tempo para se dedicar ao povo da sociedade de Campinas, especialmente os mais pobres”, comentou.
Luto oficial
O prefeito de Campinas, Dário Saadi, lamentou profundamente a morte de Dom Gilberto Pereira Lopes, e decretou luto oficial de três dias na cidade.
Dário declarou que o arcebispo emérito deixa um legado de coragem e de amor em favor dos mais vulneráveis, e afirmou que a comunidade perde uma voz de acolhimento e respeito.
Velório e sepultamento
O corpo de Dom Gilberto Pereira Lopes vai ser velado a partir das 16h00 desta terça-feira (23) na Catedral Metropolitana de Campinas.
A celebração das exéquias finais, que marcam o término da despedida acontece às 09h00 de quinta-feira (25), quando o corpo será sepultado na cripta da Catedral.
