Compensação ambiental por incêndio no Pico das Cabras estima plantio de ao menos 100 mil árvores

pico das cabras
Foto: Aline Albuquerque/CBN Campinas

Ouça a reportagem na íntegra.

Na Estrada do Capricórnio, Régis Cristian da Silva percorreu vários quilômetros da via, na zona rural, e dispersou diversos coquetéis molotovs, feitos com estopa e gasolina, em setembro do ano passado. Ele foi o responsável por causar o incêndio criminoso que devastou 987 hectares de vegetação nativa e exótica, no Pico das Cabras.

Além de Campinas, áreas de municípios vizinhos também foram afetadas, como Itatiba e Morumgaba.

Após um ano do incêndio, o local, marca do turismo rural –pelos parques ou trechos de trilhas, ainda tem rastros da destruição causada pelo fogo.

Pico das Cabras
Foto: Aline Albuquerque/CBN Campinas

“Todo fogo que a gente combate, conseguimos combater e apagar. Aquele foi o maior… Tinha uma pessoa pondo o fogo. Enquanto a gente tava combatendo ele tava pondo o fogo. A gente não esquece, aquilo foi um fogo bem grande, a gente ficou três dia combatendo. Abafador, caminhão pipa, máquina costal… O que a gente achava a gente ia apagando. 70% da fazenda queimou“.

Jacir de Carvalho trabalha em uma propriedade na área atingida. Enquanto a reportagem percorria o pico, ele se empenhava com uma enxada para formar os aceiros, as faixas sem vegetação para impedir a propagação do fogo.

Foto: Aline Albuquerque/CBN Campinas

O processo para dimensionar a queimada está em andamento junto ao Ministério Público e a Prefeitura de Campinas, mas em uma estimativa dos técnicos da Secretaria do Clima, que vem monitorando a área, serão necessárias ao menos 100 mil novas árvores plantadas para que haja a chamada compensação ambiental. Luiz Fernando Vogel é um dos assessores técnicos da secretaria que acompanha esse trabalho.  

“Isso pode ser até maior, porque ainda estamos levantando tudo que foi queimado. Mas algo em torno de 100 mil arvores para compensar o CO2 emitido. Um plantio, até um sombreamento significativo da área, eu diria de três a cinco anos. Se a Justiça determina que ele tem que plantar, aí a gente fala onde ele planta”, explicou Luiz.

Área queimada vista por satélite. Foto: Prefeitura de Campinas

Boa parte do trecho atingido na metrópole é composto por áreas de produção agrícola  – cerca de 98% – e o restante é considerado APP, Área de Preservação Permanente. A maior parte eram trechos de pastagem e florestas produtivas de eucalipto. Por isso, o a compensação precisa ser feita em relação ao gás carbônico liberado na atmosfera durante o incêndio – e não necessariamente na mesma área atingida.

“A Apa é uma unidade de conservação sustentável. Tem um plano de manejo que estabelece o que pode e o que não pode. Ela é quase 1/3 do território de Campinas. É fundamental para manter serviços ecossistêmicos, biodiversidade, habitat para fauna. É o tesouro de Campinas e a gente tem que fazer ações sustentáveis para proteger ela. O dano ambiental maior foi a emissão de CO2 na atmosfera”, detalhou o servidor.

Foto: Gabinete de Crise do Governo SP

Reservatório mais acessível

Assim que o incêndio aconteceu, uma das principais dificuldades dos combatentes do incêndio foi encontrar água na área de serra. Esse fator atrapalhou o tempo de resposta ao incêndio. Diversas propriedades privadas da região cederam a água de tanques e piscinas para ajudar a apagar o incêndio, mas a quantidade ainda foi limitada.

O empresário Leandro Tsuchiya também se lembra bem daquela semana. Dono de um restaurante na região turística, ele forneceu 70 refeições por dia para os integrantes da brigada.

Uma das lições pós incêndio tem forma e função: a prefeitura instalou um reservatório com 100 mil litros d’água de reuso no terreno do Observatório Jean Nicolini – que por pouco não foi atingido. Agora, a estrutura facilita o acesso das corporações à água em situações de fogo.

foto: Divulgação


À época, Régis alegou às autoridades que estava em surto por problemas pessoais. Em 11 de setembro, ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e chegou a ser multado em R$ 6.749.972,50 (mais de R$ 6,7 milhões) pelo dano ambiental causado. Segundo o Ministério Público, em uma decisão de janeiro deste ano, Régis foi solto para recorrer da sentença em liberdade.

foto: reprodução EPTV Campinas
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