Um ato na manhã desta quarta-feira (10) reuniu amigos e seguidores do prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, o “Toninho”.
Eles fizeram a limpeza do pequeno monumento da cruz e o plantio de flores no canteiro central da Avenida Mackenzie. Há 24 anos, este foi o local onde o prefeito foi assassinado com três tiros.
Sob forte comoção, o grupo relembrou a memória de Toninho, especialmente em favor dos mais pobres. Vinte e quatro anos depois, o assassinato de Toninho é um crime sem solução.
Por volta das 22h30 do dia 10 de setembro de 2001, Toninho voltava da academia, passou pelo shopping Iguatemi, e ao passar pela Rua Projetada (atual Avenida Mackenzie) em direção ao apartamento onde morava, seu carro foi alvejado com três tiros.
Legado
Arquiteto e doutor em Urbanismo, Toninho se tornou um defensor do patrimônio histórico de Campinas e um crítico da especulação imobiliária, com uma extensa atuação em movimentos sociais.
Nas comunidades eclesiais de base, fundou grupos dedicados à construção de moradias dignas e na urbanização de favelas, como o Movimento Febre Amarela e a Assembleia do Povo. Foi o que lembrou o ex-chefe de Gabinete, Gerardo de Melo.
Entre meados da década de 1990 e o ano 2000, quando venceu a eleição em segundo turno, denunciou esquemas de corrupção, prometeu revisar concessões de serviços municipais – quando começou a receber ameaças.
Investigação tumultuada
As investigações do assassinato foram muito conturbadas, sempre marcadas por controvérsias sobre a atuação da Polícia Civil de Campinas.
Cerca de um ano depois, o sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o “Andinho”, chegou a ser apontado como o executor do crime, mas a denúncia foi negada pela Justiça por falta de provas.
A tese do Ministério Público, que diz que o carro de Toninho estaria “atrapalhando a fuga” de um veículo da quadrilha de Andinho, foi muito criticada pela família.
Caso arquivado e sem punição
Em 2021, o crime de homicídio completou 20 anos e atingiu a “prescrição”. Isso significa que, mesmo que um autor seja identificado, ele não poderá ser punido.
A família de Toninho entrou com pedido na OEA (Organização dos Estados Americanos) para pedir a condenação do Estado brasileiro por omissão nas investigações. O caso desde então está “sob análise”, e sob olhares de quem exige justiça, como a ex-prefeita Izalene Tiene.
Andinho, citado no inquérito do assassinato, cumpre mais de 207 anos de pena na Penitenciária Federal de Brasília desde outubro de 2018, por condenações em outros crimes como tráfico de drogas, extorsão mediante sequestro, associação criminosa, homicídio e roubo.