A Polícia Federal acredita ter fechado o ciclo de uma grande organização criminosa focada no roubo de cargas e de caminhões, e do crime de receptação em cinco estados brasileiros.
A Operação Vareio, deflagrada nesta terça-feira (30), uniu a corporação à Polícia Militar Rodoviária, no cumprimento de 35 mandados de prisão temporária no interior de São Paulo e nos estados do Espírito Santo, Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso. Dois deles foram presos na parte da manhã, em Campinas.
Segundo a Polícia, a atividade era complexa e com um amplo esquema logístico, composto por setores dedicados a desabilitar os rastreadores de sinal, desmanchar os veículos, ofertá-los no mercado do crime e fazer vendas com notas fiscais falsas.
As investigações começaram em maio de 2024, com a Operação Cacaria e, desde então, desvendaram 50 crimes patrimoniais, como explica o delegado-chefe da Polícia Federal de Campinas, Edson Geraldo de Souza. “A partir dessa operação, da apreensão dos dispositivos eletrônicos que tivemos na época, nós abrimos e descortinamos uma nova organização criminosa, um braço principal da organização da época. Naquele momento, nos concentramos nos roubadores, que são as pessoas que abordam os motoristas e então pegam o caminhão. Neste momento, nós estamos concentrados principalmente nos receptadores e nas empresas responsáveis pela volta dessas mercadorias roubadas ao mercado”, explicou.
A interceptação de diálogos nos telefones celulares também evidenciou que o grupo discutia o andamento das operações da Polícia Federal. Outro braço da organização criminosa se dedicava à venda das informações dos sistemas de rastreamento de sinal. “Então, o que eles faziam era desbloquear esses sinais ou verificar, junto à empresa de rastreamento, se aquele caminhão tinha alguma tecnologia não conhecida ou não compatível com o sistema de bloqueio deles. Desbloqueado o caminhão, eles tinham outro sistema para desengatar a carga, e quando isso é feito, você também aciona o sistema de segurança do caminhão. Eles também tinham uma necessidade de conhecimento muito específica”, detalhou o delegado da PF.
Também de acordo com a Polícia, a meta do grupo era de roubar dois caminhões por semana. Os ganhos poderiam ultrapassar a casa de R$ 1 milhão por mês.
Ao todo, 11 pessoas jurídicas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas. Cerca de R$ 40 milhões em bens foram bloqueados.
Os envolvidos vão responder por crimes como Organização Criminosa Armada, lavagem de dinheiro, roubo e receptação. A soma das penas pode passar dos 40 anos de prisão.