O Ministério dos Transportes suspendeu temporariamente as autorizações para que cidades criem novos corredores exclusivos para motociclistas, conhecidos como “faixa azul”. A medida afeta diretamente o projeto-piloto de Campinas, que previa a implantação da sinalização na Avenida Norte-Sul.
O trecho proposto vai da Avenida Orosimbo Maia até a Rua Gustavo Armbrust, no sentido bairro-centro, passando pelas regiões do Cambuí e do Centro. A solicitação foi enviada à Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) em 8 de agosto, mas a Emdec afirma que não foi comunicada oficialmente sobre a suspensão e que, por enquanto, não considera alternativas ao projeto.
Os estudos técnicos para a faixa azul em Campinas começaram em maio de 2024. Diversas vias foram analisadas, mas a Norte-Sul foi considerada a mais adequada. A proposta busca aumentar a segurança viária, já que motociclistas e garupas representam mais da metade das mortes no trânsito da cidade. Entre janeiro e junho de 2025, 16 das 30 vítimas fatais eram motociclistas.
Segundo o Ministério dos Transportes, a suspensão vale até 31 de março de 2026, prazo previsto para a conclusão dos estudos que vão embasar a regulamentação da sinalização pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A faixa azul ainda não é prevista no Código de Trânsito Brasileiro e só pode ser implantada com autorização da Senatran.
A iniciativa é inspirada em experiências internacionais e segue os princípios da Visão Zero e do Sistema Seguro, que consideram toda morte no trânsito como evitável. A ideia é reorganizar o fluxo de veículos e reduzir conflitos entre motos e automóveis.
Em São Paulo, a faixa azul já mostrou resultados. A capital paulista registrou queda de 47,2% nas mortes de motociclistas nos trechos com a sinalização. O número de óbitos caiu de 36 em 2023 para 19 em 2024. A cidade conta hoje com 232,7 km de faixa azul em 46 vias e pretende chegar a 400 km até 2028.
Além da capital, outras cidades também receberam autorização para testes com a faixa azul: Santo André, São Bernardo do Campo, Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Em Campinas, a expectativa era de que o projeto-piloto pudesse ajudar a reduzir os acidentes com motos, que somaram 865 registros entre janeiro e julho de 2025, segundo o Infosiga.
Enquanto aguarda a liberação, a Emdec segue com ações de segurança viária, como fiscalização em parceria com a Guarda Municipal, Polícia Militar e Detran-SP, manutenção de sinalização e campanhas educativas como a “Desacelera”, voltada à redução de velocidade.