Todos os anos centenas de pessoas são detidas pela PF tentando fazer o transporte de drogas pelo Aeroporto de Viracopos, em Campinas, tendo como destino final outros estados ou até mesmo para fora do país. Os chamados “transportadores” atrapalham não só a segurança aeroportuária, mas também o Sistema Único de Saúde (SUS).
Quando as drogas são engolidas, há necessidade de internação dos criminosos envolvidos no tráfico. No caso de Campinas, o atendimento médico para este tipo de ocorrência é feito no Hospital Mário Gatti.
De acordo com um levantamento da Polícia Federal, os custos à rede de saúde pública com esses pacientes variam de R$ 5 mil a R$ 10 mil, de acordo com o tempo de internação e da complexidade de cada caso.

O delegado chefe da Polícia Federal em Campinas, Edson de Souza, detalha que o período varia porque é preciso esperar o tempo necessário para o preso expelir as drogas ingeridas.
Ainda segundo a Polícia Federal, no ano passado, 50 pessoas foram presas em flagrante com drogas e, neste ano, até agora, já são 16 detidos pelo crime de tráfico. Em média, 25% das mulas que tentam atravessar as divisas e fronteiras engolem as drogas. Os principais destinos dos “engolidos” são na Europa, como França e Portugal.
Em relação à quantidade, em 2024, foram 409 quilos de drogas apreendidos, enquanto neste ano a Polícia Federal já recolheu 94 quilos de entorpecentes, sobretudo cocaína e maconha.

O médico cirurgião-geral do Hospital Mário Gatti, André Pierro, explica que, assim que um paciente deste tipo chega à unidade, ele passa por exames clínicos e principalmente pelos de imagem, como o raio-x e tomografia.
Outro fato sobre o serviço médico prestado aos presos com drogas no corpo é que eles ficam junto aos demais pacientes, mas com escolta policial. Em alguns casos, o doutor aponta que o paciente pode passar por cirurgia para que a droga seja retirada. Em média, a cada 10 presos, dois precisam passar por essa operação.
O crime de tráfico internacional de drogas e organização criminosa tem pena de até 35 anos de prisão. Mas esse vale ressaltar, não é o maior risco. Caso uma embalagem ingerida estoure no organismo da mula, o resultado é sempre fatal. Segundo o médico, em Campinas, nos últimos dois anos, quatro pessoas que transportavam drogas no organismo morreram por conta do rompimento das cápsulas.

Somente neste ano, a Polícia Federal já realizou seis operações no Aeroporto de Viracopos de combate ao tráfico de drogas. Entre a promessa de lucro fácil e a certeza da morte, o preço do tráfico é mais alto do que se imagina.