A Universidade Estadual de Campinas vai iniciar os estudos técnicos e orçamentários para transformar sua Área da Saúde em uma autarquia vinculada à Secretaria de Estado da Saúde. A proposta recebeu sinal verde do governo e prevê um período de transição de 10 anos.
A mudança tem como objetivo liberar recursos do orçamento da universidade para a criação de novos cursos, especialmente nas áreas de engenharia, tecnologia, agro e inteligência artificial. Hoje, a Unicamp compromete cerca de R$ 1,1 bilhão por ano com a saúde, o que limita a expansão acadêmica.
Na prática, a autarquia vai funcionar como uma entidade pública com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, mas com fiscalização do estado. A estrutura continua ligada à Faculdade de Ciências Médicas e às demais unidades da saúde para ensino, pesquisa e extensão.
A nova autarquia vai servir como campo de formação para estudantes de graduação e pós-graduação, além de oferecer assistência médico-hospitalar à população por meio do SUS. Os profissionais que já atuam na área da saúde da Unicamp vão manter os mesmos direitos, como reajustes salariais, progressão na carreira, regras de aposentadoria e participação nas eleições para reitor.
A diferença é que, após a transformação, a Unicamp não vai mais ser responsável por repor servidores que se aposentarem ou deixarem os cargos. Essa função passa a ser da Secretaria de Estado da Saúde.
O modelo já é adotado por outras universidades estaduais, como a Unesp. Lá, a universidade manteve o orçamento da saúde nos dois primeiros anos após o processo. A partir do terceiro ano, os repasses foram reduzidos gradualmente até que, em 2020, a Unesp deixou de investir recursos próprios na área e passou a ser ressarcida pelo Estado.
A proposta ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Universitário da Unicamp, que é o órgão máximo de deliberação da instituição. A expectativa é que experiências anteriores sirvam de referência para o projeto.