Um recorte do Censo 2022, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que mais de 76% da população de Campinas leva mais de meia hora para chegar ao trabalho.
Um cálculo que considera a média em todos os modais de transporte, mas que é especialmente crítico para quem depende do ônibus, como é o caso da estagiária Adriele Cristina Augusto. “Eu moro lá na Vila União, e eu tenho que ir até perto do Shopping Iguatemi. Demoro uma hora e meia se eu não pegar trânsito. Se eu pegar, duas horas, até mais. E isso se não quebrar… se não atrasar”, conta.
O analista socioeconômico do IBGE, Jefferson Mariano, destaca que os números confirmam a desigualdade de condições entre os perfis de maior e menor renda. “As pessoas de rendimento entre meio e um salário mínimo concentram a maior parte das pessoas com deslcoamento de mais de duas horas. Então esse indicador que diz respeito à dificuldade que as pessoas de menor poder aquisitivo têm, enfrentam, com relação ao deslocamento para o trabalho”, explica.
O IBGE também apurou que o tempo gasto no transporte até o trabalho tende a ser maior para 8,64% dos trabalhadores da metrópole, cujos empregos ficam em outra cidade.
Já 16,18% atuam de forma remota, em casa. Os outros 87% representam a massa de empregados que moram e trabalham em Campinas.
Jefferson Mariano explica que o recorte representa as condições geográficas da distribuição de empregos e moradias na região. “Campinas é uma cidade na qual esse indicador de pessoas que trabalham em outros municípios é quase residual, é muito pequeno, ao passo que quando você pega outras cidades, a proporção é muito elevada. Então isso tem a ver com a questão das características da região e do comportamento da economia”, avalia o especialista.
Ainda segundo o Censo 2022, 45,9% dos trabalhadores de Campinas utilizam carros, que em quase 41% dos casos fazem trajetos entre 15 e 30 minutos.
O ônibus é o segundo modal mais utilizado, para 31,38% dos trabalhadores.
Campinas também tem 8,96% dos empregados que fazem o trajeto entre casa e trabalho à pé. Índice superior ao das motos, utilizadas por 6,22%; e das bicicletas, com 1,30%.