O Ministério da Saúde deve analisar ainda nesta quarta-feira a possibilidade de comprar o fomepizol, medicamento usado no tratamento de intoxicações por metanol. A informação foi dada pelo ministro Alexandre Padilha em entrevista ao Jornal da CBN.
A declaração veio após o alerta feito pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp (CIATox), em Campinas, que apontou a falta de antídotos no país para atender casos graves. Segundo o centro, o Brasil não tem estoque suficiente nem de fomepizol nem de etanol puro, substâncias que ajudam a impedir a formação de ácido fórmico, responsável pelas reações mais perigosas no organismo.
O ministro explicou que o etanol farmacêutico, produzido por laboratórios e farmácias de manipulação, é eficaz e está disponível no país. Ele é usado com controle médico, por via oral ou intravenosa, e pode ser solicitado pelos centros toxicológicos quando necessário.
Já o fomepizol, considerado mais eficiente e de aplicação mais simples, não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que impede sua oferta regular no Brasil. Segundo Padilha, o Ministério estuda criar uma reserva estratégica em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), ligada à ONU, para garantir o acesso ao medicamento. A comercialização do produto é restrita nas Américas e na Europa.
O alerta do CIATox foi feito após a confirmação de seis casos de intoxicação por metanol no estado de São Paulo. Outros dez estão em investigação, incluindo jovens que passaram mal após consumir gin comprado em uma adega na Zona Sul da capital. A Secretaria Estadual da Saúde também emitiu um comunicado aos profissionais da rede pública sobre os riscos da substância, que pode causar cegueira permanente e até levar à morte. Os sintomas costumam aparecer entre seis e 24 horas após o consumo e incluem tontura, dor abdominal, náuseas, confusão mental e visão turva.
