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Para muitas pessoas o Centro de Informação e Assistência Toxicológica, o CIATox de Campinas, já é um velho conhecido quando se trata da orientação sobre urgências toxicológicas.
O laboratório da Unicamp é muito mais que um ponto de apoio importante na Região Metropolitana de Campinas para intoxicações, envenenamentos e acidentes com animais peçonhentos. Seja na orientação, na pesquisa ou na análise de toxinas, o CIATox é uma referencia nacional.
A estrutura do CIATox atua em três diferentes frentes. A primeira – e mais conhecida, é a central telefônica, com as orientações rápidas feitas por ligações após situações de possível intoxicação, por substâncias, como remédios ou drogas, ou vítimas de acidentes com animais peçonhentos. São atendidos não só pacientes, mas também profissionais de outras unidades de saúde que precisam de informação especializada.
A farmacêutica com ênfase em toxicologia, Paula Christiane Soubhia, conhece bem essa estrutura, onde atua desde 1993.
Outra parte desse trabalho inclui o serviço de emergência do pronto-socorro, realizado no Hospital de Clinicas da Unicamp. Nessa parte, é feita a assistência imediata aos pacientes que chegam na porta da unidade, seja com casos de intoxicações.
Paula relembra que, em 2015, alguns agrotóxicos considerados letais em certas quantidades ainda eram permitidos pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A partir do alerta do CIATox sobre mortes de trabalhadores rurais por agrotóxicos, as substâncias foram proibidas. Esse método revolucionou os protocolos da Anvisa.
Além desse caso, o mais recente foi a denúncia feita pelo CIATox sobre a falta de antidoto para tratar intoxicados por metanol. O laboratório, a terceira frente de atuação do CIATox, foi responsável por fazer exames dos casos suspeitos de contaminação. A unidade recebeu inclusive amostras para análise de pacientes de outros estados, como explica o professor de toxicologia e médico coordenador do Centro, José Luiz Costa.
O alerta veio quando 9 vítimas apresentaram os sintomas de intoxicação. O departamento da universidade encaminhou os dados ao Sistema de Alerta Rápido (SAR), parte do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas (Sisnad) do Ministério da Justiça. As informações são importantes para alertar sobre novas substâncias psicoativas e eventos de risco para a saúde pública.
O especialista relembra que o metanol é um solvente e não tem uso na indústria de alimentos. O CIATox da Unicamp foi uma referência para diagnóstico dos casos porque já tinha o protocolo de identificação do metanol pronto. A diferença, porém, é que os casos anteriores estavam relacionados ao consumo de álcool combustível, encontrado nos postos, por pessoas em situação de vulnerabilidade.
Pesquisas com novas substâncias psicoativas
Ele explica que nesses quase 10 anos alguns processos foram modernizados e aperfeiçoados naturalmente, na área de diagnósticos, mas principalmente nas pesquisas sobre novas substancias psicoativas.
É preciso identificar a droga para encontrar o antídoto que controla os efeitos. Um achado recente ocorreu no fim de setembro. Um paciente foi internado com intoxicação após consumidor uma droga 50 vezes mais potente que o fentanil. O paciente diz que ingeriu ecstasy. A partir do alerta do Ciatox, a Anvisa incluiu a substância na lista de uso proibido no país.
Segundo os dados da Agência da União Europeia para as Drogas, há quase mil novas moléculas de abuso. Elas são consideradas as novas substâncias psicoativas.
Já são mais de 40 anos de relevância na saúde publica, com ações de vigilância, assistência médica, pesquisa e educação, fazendo a diferença para salvar vidas.
