Aos 80 anos, seu Osvaldo Benetazo transformou a aposentadoria em propósito. Ele é um dos 15 voluntários de uma horta comunitária, no Jardim São Marcos, em Campinas. Morador há mais de 40 anos, três vezes por semana, traça o gesto silencioso da solidariedade e amor ao próximo.
Entre fileiras de alfaces, batatas e temperos fresquinhos, ele planta dignidade, esperança e alimento para quem mais precisa. Tudo o que brota da terra segue direto para uma cozinha solidária, que atende famílias em situação de vulnerabilidade de 11 bairros da região.
O projeto da cozinha nasceu em meio à pandemia, no território da Paróquia São Marcos, próximo a CDHU e de duas comunidades carentes: Vale do Sol e Vila Paula. Logo depois, a ideia da horta foi criada para ser o braço direito. Na região, são 150 famílias atendidas e a distribuição de 300 refeições por dia.
Padre Antônio Alves é o responsável pela iniciativa na região. O propósito é único: o combate à fome, em um lugar onde a dificuldade é persistência todos os dias. O espaço também fornece oficinas gratuitas sobre temas como cultivo da terra e educação ambiental. A ideia é que os voluntários possam tornar o conhecimento em um trabalho com renda. O serviço é uma parceria com o projeto de ‘Desenvolvimento Territorial’ da Fundação Feac.
A ideia tem dado tão certo, que seguiu para outros bairros de Campinas, como a região dos Amarais e Novo Flamboyant. De acordo com a secretária municipal de assistência social, Vandecleya Moro, a cidade conta com 248 hortas urbanas mapeadas.
Na horta comunitária, cada broto que nasce é mais do que alimento: é símbolo de resistência, partilha e esperança. Os voluntários que dedicam seu tempo à terra se descobrem úteis, ativos e parte de algo maior. Para muitos, não mais do que um canteiro verde — é um espaço de convivência, afeto e propósito.
No silêncio do trabalho coletivo, germina a certeza de que a solidariedade é capaz de transformar realidades – começando pelo simples gesto de plantar.






