A Receita Federal e órgãos parceiros iniciaram nesta quinta-feira a Operação Alquimia, que investiga a origem do metanol usado na adulteração de bebidas alcoólicas. A ação é um desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, que já haviam revelado o uso irregular de metanol em combustíveis. Agora, a força-tarefa nacional busca entender como esse produto altamente tóxico está sendo desviado para a produção clandestina de bebidas.
Duas cidades da região de Campinas foram alvo direto da operação: Limeira e Sumaré. Equipes da Receita Federal estiveram em empresas ligadas à cadeia do metanol, como distribuidoras, destilarias e usinas. O objetivo foi coletar amostras e documentos que ajudem a rastrear o caminho do produto desde a importação até o possível uso ilegal.
Segundo os investigadores, há suspeita de que empresas químicas tenham comprado metanol de forma regular, mas repassado o produto para empresas de fachada. Essas, por sua vez, teriam desviado o material para fins não autorizados, como a fabricação de bebidas alcoólicas adulteradas. Em alguns casos, as notas fiscais indicavam motoristas e caminhões que nunca chegaram aos destinos informados, o que levanta suspeitas de fraude documental.
O retorno das análises químicas deve ajudar a identificar se o metanol encontrado em bebidas falsificadas tem relação com os lotes coletados nas empresas investigadas. A substância, usada legalmente em combustíveis, é extremamente tóxica e pode causar intoxicações graves quando ingerida. A Organização Mundial da Saúde recomenda que o metanol esteja presente em níveis inferiores a 0,1% em bebidas alcoólicas. Já o limite permitido em combustíveis é de até 0,5%, o que já representa risco à saúde.
Além da Receita Federal, participam da operação a Polícia Federal, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Ministério da Agricultura. No total, 24 empresas foram visitadas em cinco estados: São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O Fórum Nacional Contra a Pirataria estima que o setor de bebidas alcoólicas perde mais de R$ 85 bilhões por ano com práticas ilegais como falsificação, contrabando e produção clandestina.