Campinas registrou no triênio 2022-2024 o menor índice de mortalidade por câncer de mama dos últimos 20 anos. Dados da Secretaria de Saúde mostram que o coeficiente foi de 13,9 óbitos para cada 100 mil mulheres — o menor da série histórica iniciada em 2004. A tendência de queda vem sendo observada desde 2019 e está relacionada ao diagnóstico precoce e à ampliação do acesso à mamografia na rede pública.
As informações fazem parte da sétima edição do Boletim do Registro de Câncer de Base Populacional, divulgada durante o Outubro Rosa, campanha voltada à conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce da doença. Entre 2004 e 2006, o coeficiente era de 16 mortes por 100 mil mulheres e, desde então, apresentou pequenas variações até alcançar o índice mais baixo no triênio atual.
De acordo com a coordenadora da Saúde da Mulher de Campinas, Miriam Nóbrega, o resultado reflete o impacto das políticas públicas de rastreamento. “O diagnóstico precoce, por meio da mamografia em mulheres de 40 a 74 anos sem sintomas, é essencial para reduzir a mortalidade. Quando o câncer é descoberto tardiamente, o tratamento tende a ser mais agressivo e as chances de cura diminuem”, explica. Em 2024, o município registrou 138 mortes pela doença.
Desde 2016, a mamografia está disponível pelo SUS para mulheres a partir dos 40 anos sem sinais clínicos de câncer. Neste ano, o exame também passou a ser oferecido para a faixa etária de 70 a 74 anos. Durante o Outubro Rosa, foram ofertadas duas mil mamografias extras em diferentes unidades de saúde.
Entre 2015 e 2024, o câncer de mama foi o que mais causou mortes por neoplasias entre mulheres em Campinas, representando 16,6% dos óbitos, segundo o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). Em seguida aparecem os cânceres colorretal (12,1%), de pulmão (11,2%), pâncreas (6,7%) e estômago (4,4%).
O boletim também mostra estabilidade na taxa de incidência de novos casos nos últimos anos. Após aumento entre 2011 e 2016, houve redução em 2017 e manutenção do índice até 2020. No biênio 2019-2020, o coeficiente foi de 75,4 casos por 100 mil mulheres. Entre 2010 e 2020, Campinas registrou em média 580 novos diagnósticos anuais de câncer de mama invasivo, com taxa ajustada de 74,1 casos para cada 100 mil mulheres. A média de idade das pacientes diagnosticadas foi de 59 anos, variando de 20 a 106 anos.
O câncer de mama tem origem em múltiplos fatores, que incluem aspectos genéticos e biológicos, mas também hábitos de vida. Excesso de peso, falta de atividade física e consumo de bebidas alcoólicas estão entre os fatores de risco mais comuns. Entre 2010 e 2020, 44,6% dos casos diagnosticados em Campinas já apresentavam metástase, 39,8% estavam localizados e 15,7% eram in situ, ou seja, não invasivos.
Para a coordenadora do Registro de Câncer de Base Populacional, Juliana Natívio, o número de diagnósticos com metástase ainda preocupa. “Detectar o câncer em estágios iniciais aumenta significativamente as chances de cura e preserva a qualidade de vida das pacientes. Por isso, é importante que as mulheres mantenham o acompanhamento e realizem os exames de rastreamento”, afirma.
Atualmente, as mamografias e demais exames de prevenção estão disponíveis nas unidades de saúde do município, e o atendimento pode ser agendado diretamente no Centro de Saúde de referência. A ampliação do rastreamento e o incentivo à detecção precoce seguem como estratégias essenciais para reduzir a mortalidade e melhorar o cuidado com a saúde da mulher em Campinas.




