Sabe aquela expressão que diz que “a experiência não comete erros”? Pois quando o assunto é a combinação álcool e volante, nada melhor do que conversar com os taxistas, alguns dos motoristas mais experientes da cidade.
Sem titubear, Antônio Alves da Silva e o José Vergínio, com 25 e 40 anos de praça garantem: essa é uma mistura que não dá certo.
“Não pode beber quando está dirigindo! Tem muitos que bebem, escondem a garrafa ou jogam fora, e isso é problema para ele e para os demais, porque ele não está sozinho na pista”, alertam.
Para coibir ainda mais essa prática que coloca vidas em risco, a Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) apresentou nesta quinta-feira (13), o novo conjunto de ações para fortalecer a fiscalização contra a alcoolemia.
Os trabalhos serão batizados de “Operação Pela Vida”, a marca que vai estampar as blitze em cooperação entre a Emdec, a Polícia Militar e a Guarda Municipal.
A parceria nasceu do apoio da Lei 14.599/2023, que permitiu a órgãos municipais também atuarem na fiscalização de trânsito. Desde então, os amarelinhos e a GM passaram por cinco capacitações sobre técnicas de abordagem de condutores, gestão de conflitos e o uso de etilômetros regulamentados, os populares “bafômetros”.

Apenas neste ano, foram 263 operações já realizadas, com ao menos 9.800 condutas de risco identificadas. Ao falarmos em “conduta de risco”, podemos associá-la, obrigatoriamente, ao consumo de álcool. Segundo a Emdec, mais de 38% dos sinistros com morte registrados em Campinas em 2024 tiveram a combinação entre bebida e direção como o fator responsável.
Neste ano, dos 30 sinistros fatais registrados, sete deles envolveram casos de consumo de álcool – proporção de 23% do total. Nos últimos cinco anos, Campinas soma 274 mortes no trânsito, tanto nas vias urbanas como nas rodovias, com preponderância de motociclistas, que representaram mais de 42% do total registrado até julho deste ano.
O gerente de Fiscalização e Operação de Trânsito da Emdec, Claudionir Thomas de Sá, destaca que a intensificação das blitze devem trazer um impacto positivo para a educação ao volante. “Ela tem um poder de informação muito forte, que é a dissuasão. Enquanto numa operação integrada 40 ou 50 veículos estão sendo abordados, nós temos todo um entorno se movimentando. Transporte público, motorista, motociclista, pedestre, que estão vendo aquela atuação e a força da operação integrada. Isso cria uma dissuasão”, garante.
Os dados apresentados pela Emdec também mostram que os homens corresponderam ao maior número de vítimas fatais em sinistros com consumo de álcool: mais de 91% das ocorrências do tipo nos últimos cinco anos.
Nesse recorte, a faixa etária entre 20 e 29 anos correspondeu a mais de 31% do total de casos. Sobre isso, a Emdec também apresentou uma campanha publicitária que estará presente nos veículos de comunicação, nas redes sociais e na imprensa. Um dos personagens é o Caetano, que ficou tetraplégico depois de um sinistro em que o motorista havia ingerido álcool. “Começamos a beber, eu vi que estava alterado e fui para o carro dormir. Depois disso, capotou o carro. Eu fui acordar cinco dias depois na UTI, porque eu tinha sofrido um acidente”, conta em depoimento no material de campanha.

Para a coordenadora de Comunicação da Iniciativa Bloomberg pela Segurança Viária Global, Mariana Pires, uma das colaboradoras na produção do material, a iniciativa da Emdec vai aproximar a mensagem de conscientização do principal público: os jovens. “Porque nós temos na literatura internacional muitas pesquisas que mostram que essa fortaleza de fiscalização com a comunicação, essas campanhas de fato têm o poder de salvar vidas no trânsito”, destacou.
Entre as vias urbanas e rodovias com maior número de mortes por sinistros com consumo de álcool nos últimos cinco anos, as Rodovias Anhanguera, Santos Dumont e Dom Pedro I se destacaram, com 83 mortes somadas juntas no período.
O representante da Parceria Global para a Segurança Viária (GRSP), André Correia, destacou que a união de esforços já realizada pelo Observatório de Trânsito de Campinas, ganha um reforço com a Operação Pela Vida. “A gente está fazendo essa integração e, sensivelmente, a gente também tem as informações deles. Eles também têm as informações do município para as campanhas e as fiscalizações”, explicou.
Segundo a Emdec, os dois tipos de bafômetro que serão utilizados nas blitze da Operação Pela Vida foram doados e homologados junto ao Inmetro.




