Entre os carros e caminhões que vão de Vinhedo a Viracopos e as propriedades rurais, algumas delas industriais, está o Jardim São Domingos, bairro da região do Campo Belo, em Campinas.
A região carente da metrópole também é conhecida pelas minas e nascentes d’água, que logo foram sendo escondidas pelo avanço desenfreado da ocupação urbana.
Entre o balaio e a tesoura de poda, o sitiante João Bordrin é uma testemunha da importância de cuidar do solo onde mora e de onde se alimenta.
Dentro de sua propriedade, de um alqueire, está uma mina d’água que o ajuda a irrigar plantações de pêssego, goiaba e pitanga.
O João é um selecionado no terceiro edital do Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA Água), da Prefeitura de Campinas.
A iniciativa faz a triagem de produtores rurais, que recebem incentivos para cuidar de nascentes, áreas de preservação permanente e matas nativas.
Como um dos contemplados, João recebe incentivo financeiro e em mudas de plantas para preservar ainda melhor o seu terreno.
Um cuidado com a água que mata a sede e faz os frutos ficarem mais bonitos para serem vendidos no Ceasa.
“Eles forneceram as mudas para eu plantar e cuidar e eles pagaram um valor, duas vezes ao ano. Eu tenho várias frutas plantadas: tem pitanga, tem uma fruta igual à cereja… Aí eu acho que isso é excelente, porque se o pessoal da cidade pudesse participar de uns planos desses, seria muito bom. Como nós moramos no sítio desde criança, a gente já sabe conservar essas coisas”, conta.
O programa PSA Água prevê que os habilitados recebam até R$ 1.220,13 por hectare ao ano, em um limite de até 20 hectares. O valor está na regulamentação da lei, de 2019.
Desde o início do programa, em 2015, pelo menos 11 nascentes e 34 hectares de Área de Preservação Permanentes (APPs) já foram conservadas.
Outros 200 hectares da cidade também foram contemplados com o plantio de 340 mil mudas nativas.
Presidente do programa, o secretário do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Braz Adegas Júnior, explica que os participantes do programa contam com o apoio técnico da Prefeitura, do plantio ao crescimento, em um serviço por até quatro anos.
“A gente vai lá, escolhe tecnicamente todo o tipo de vegetação. São todas plantas nativas. A gente faz essa recomposição, o nosso engenheiro agrônomo faz a avaliação, desenvolve projeto, faz o plantio”, detalha.
Outra vertente do programa é a instalação de estruturas de saneamento nessas propriedades rurais. Em 10 anos, o PSA Água levou 256 fossas sépticas a estes locais.
Mesmo assim, o programa ainda lida com o desafio de preencher as vagas. No atual edital, com 30 vagas, apenas nove delas foram preenchidas.
Braz Adegas Júnior lembra que a participação no programa é gratuita, assim como o serviço de acompanhamento para a preservação dos terrenos.
“É muito importante para a nossa cidade e, também, para eles. Eles vão estar fazendo completamente, sem despesa nenhuma, toda a recuperação da área degradada dele. E vai receber por isso. Vai ter uma renda anual que acaba sendo muito importante no seu rendimento anual da propriedade”, explica.
Para participar, o proprietário rural pode se inscrever pelo telefone (19) 2116-8485, ou acessar o requerimento online na internet, pelo www.campinas.sp.gov.br.




