Integrantes do movimento negro, organizações antirracistas e entidades sindicais realizaram a 25ª edição da Marcha Zumbi dos Palmares no Centro de Campinas.
O ato é uma forma de lembrar a memória do principal líder do Quilombo dos Palmares, e que se tornou símbolo de resistência contra a escravidão.
A concentração aconteceu na Estação Cultura, e desceu em passeata pelo Calçadão da 13 de Maio em direção à Avenida Francisco Glicério e ao Largo do Rosário.
O coordenador do Movimento Negro Unificado (MNU), Adriano Bueno, recordou que a celebração do fim da escravidão em novembro, ao invés do 13 de maio, é uma grande conquista para corrigir uma narrativa que invisibilizou a população negra ao longo da história. “Lá atrás, nos anos 70, o movimento negro via o país sempre o 13 de maio e era sempre aquela visão oficial da época, que tentava passar uma imagem de que a conquista da liberdade foi fruto da benevolência da Princesa Isabel. Isso omitia, ocultava as lutas do movimento negro”, explica Bueno.
Para o integrante do Coletivo de Combate ao Racismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Marcelo Lopes de Lima, a celebração da ancestralidade precisa andar de mãos dadas com a Educação. “E os dados sobre emprego do homem e da mulher negra estão muito abaixo da renda comparado com o homem e a mulher não negro. É fundamental você dar educação, principalmente para a educação mais pobre onde tradicionalmente a gente sabe que tem mais negros envolvidos no processo”, diz Lima.
A dona de casa Marisa Souza lembra que o preconceito racista contra a comunidade negra ainda persiste em diferentes territórios de Campinas. “Pra mim é legitimar o povo preto a ter direito no Brasil, que tem direitos como todos os povos no Brasil, na África, na Europa”, opina.
O Vex faz parte dos movimentos Rede Emancipa e Maré Negra, e recorda que Campinas foi um dos principais polos da escravidão negra no Brasil. Para ele, 20 de novembro é dia de celebrar vidas que resistem. “Tanto se fala do sofrimento, mas a gente também tem que falar de resistência. Esse período também foi marcado por muita resistência e por celebração da vida. Esse movimento é importante acontecer e a gente está fincando as nossas bandeiras e pedindo Sônia Livre, pedindo justiça para Jordy Moura e o fim da política de morte em todo o Brasil”, declarou.
Neste ano, o evento homenageou a Segunda Marcha Nacional de Mulheres Negras, com o tema “Por reparação e pelo bem viver”.
O feriado do Dia da Consciência Negra e a Marcha Zumbi dos Palmares de Campinas foram realizadas, pela primeira vez, em 2001, e impulsionaram a criação do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, por força do decreto presidencial de 2011.




