“Super radar” na Unicamp alerta a região sobre os eventos extremos do clima

Foto: Kevin Kamada/CBN Campinas

A passagem do tornado pela cidade paranaense de Rio Bonito do Iguaçu na última sexta-feira (7) jogou luz sobre a importância da rede de monitoramento da meteorologia.

Campinas acumula experiência com o tema, depois da ocorrência da micro explosão de 2016. O episódio foi um dos motivadores para a compra de um “super radar”, instalado em 2024 na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)

A máquina administrada pelo Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) aprimorou a capacidade de detectar a densidade das nuvens de chuva, por meio de uma tecnologia chamada de “dupla polarização”

Assim como um “SONAR” – o radar utilizado pelos navios para evitar colisões – o “super radar” da Unicamp emite ondas eletromagnéticas em várias direções, que permitem entender o quão pesadas são as nuvens – que podem ser de gotas ou até mesmo de grandes pedras de granizo – e em que velocidade elas avançam sobre uma região. 

Saber quando e de que forma estas tempestades avançam pode ajudar a salvar vidas, como explica o meteorologista do Cepagri da Unicamp, Bruno Bainy. “E desde então a Defesa Civil vem assumindo esse papel de fazer esse monitoramento em tempo real e a emissão de alertas de curto prazo, que servem justamente pra avisar a população de riscos iminentes em tempo hábil para que medidas de proteção sejam tomadas”, explica.

O super radar na Unicamp já envia suas informações ao Cepram (Centro Paulista de Radares e Alertas Meteorológicos), estrutura criada na Defesa Civil Estadual em fevereiro deste ano para vigiar o comportamento do clima em São Paulo. 

O Cepram é responsável por emitir os alertas que você recebeu no seu celular, como alerta para a passagem do ciclone extratropical do início de novembro. 

O super radar da Unicamp consegue puxar informações em um raio de 110 km a partir de Campinas, com informações mais precisas dentro de uma zona de 60 km. 

Na prática, Bainy nos explica que para os fenômenos climáticos que se formam em outras regiões e avançam para Campinas, a margem de segurança para o alerta pode oscilar de 15 minutos a uma hora. O pesquisador da Unicamp defende que venha acompanhada de outras medidas. “A gente tem essa máxima que diz que a gente não consegue evitar que eventos meteorológicos extremos ou severos ocorram. O que a gente procura fazer na meteorologia é criar produtos e informações para que as pessoas entendam os riscos e saibam como tomar decisões para se proteger de forma adequada”, afirma.

O efeito devastador dos tornados, no interior do Paraná, fez com que muitas pessoas lembrassem do filme Twister (1996), que retrata a saga dos meteorologistas caçadores de tempestades. 

Bruno Bainy explica que, mesmo os “super radares”, como o da Unicamp, não seriam capazes de antecipar, com grande intervalo de tempo, fenômenos desse tipo. 

Mesmo assim, o pesquisador defende que a ampliação da rede de radares permite aos profissionais ter acesso a mais informações e, com isso, informar e treinar melhor a população. “Estados Unidos, Europa em vários países… Recentemente a Dinamarca… Eles trocaram toda a rede de radares, que cobrem todo o país. Isso é crucial. A Argentina também é um país que não tem uma cobertura completa de radares, mas eles conseguem ter um monitoramento específico dedicado a essas áreas onde há radar, porque justamente ele permite que nós vejamos com mais detalhes a característica das tempestades envolvidas. Então é um investimento que é importante sim”, destaca.

Além de alimentar o sistema paulista da Defesa Civil, o super radar na Unicamp fornece informações para o CRMet (Centro Regional de Meteorologia), que fornece dados para os 20 municípios da Região Metropolitana

Em tempo real, o sistema permite identificar volumes de chuva e sinalizar áreas de risco, para uma atuação direcionada dos serviços de socorro

Compartilhe!

Pesquisar

Mais recentes

Santa Bárbara d’Oeste faz 1º Feirão de Empregos com mais de 600 vagas nesta terça

Hortolândia vai fazer visitas casa a casa contra dengue em 4 bairros nesta semana

29 acidentes com mortes em Campinas foram causados por motoristas embriagados

PODCASTS

Fale com a gente!

WhatsApp CBN

Participe enviando sua mensagem para a CBN Campinas

Veja também

Reportar um erro

Comunique à equipe do Portal da CBN Campinas, erros de informação, de português ou técnicos encontrados neste texto.