A porteira Mariana Querino é mãe de oito filhos e chefia um formato de família cada vez mais raro em Campinas. A conclusão é do novo recorte do Censo 2022 divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “Na época que eu comecei a ter os meninos foi muito sofrido. Mas o tempo foi passando, hoje eles estão todos grandes e trabalhando”, conta.
Segundo o Instituto, ¾ dos núcleos familiares em Campinas era formado por residências com até três moradores.
A pesquisa demográfica mostra, que na comparação com a edição 2010, o número de famílias com quatro pessoas caiu 8,3% em Campinas.
Já a quantidade de famílias com seis ou mais pessoas, como a da Mariana, despencou mais de 51%.
Para a coordenadora do Núcleo de Estudos da População, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Gláucia Marcondes, os números refletem uma tendência de escolhas de vida pessoal e profissional cada vez mais comuns. “Tem tantos casais que ainda estão no começo de formação de família e passam a ter filhos mais tarde, assim como nós temos casais que já estão com uma idade mais avançada. Muitas vezes, os filhos já saíram de casa, já são filhos adultos que já estão formando suas famílias”, destaca.
O Censo 2022 também mostra que as mulheres estão cada vez mais presentes na chefia das famílias em Campinas. Atualmente, elas estão à frente de 46,7% dos núcleos, ou quase 159 mil lares na metrópole. Em 2010, elas eram 36,9% das chefes de família.
Na opinião da especialista da Unicamp, o cenário é reforçado pela força da figura materna dentro das famílias. “Historicamente, em casos de separação, mesmo que hoje em dia a gente tenha a figura da ‘guarda compartilhada’, majoritariamente são as mães aquelas colocadas como as principais responsáveis pela guarda dos filhos, pelo cuidado dos filhos. Então, geralmente, os filhos acabam morando muito mais frequentemente com as mães do que com os pais”, observa Gláucia.
O Censo também mostra que o número de famílias chefiadas por pessoas com ensino superior completo disparou no intervalo de 12 anos em Campinas: o avanço foi de quase 68%, em um cenário que hoje é realidade para 99,5 mil lares.
Outros graus de escolaridade também avançaram: os responsáveis com ensino médio completo ou superior incompleto subiram 47,6%, enquanto os de fundamental incompleto caíram mais de 29%.




