As denúncias de trabalhadores contra plataformas de transporte e delivery dobraram nos últimos anos na região de Campinas. Motoboys e motoristas relatam bloqueios repentinos, falta de transparência nas decisões das empresas e prejuízos financeiros que comprometem a única fonte de renda de milhares de profissionais.
A rotina de quem depende das entregas ficou ainda mais difícil, segundo dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) da 15ª Região. Desde 2024, o órgão abriu 77 inquéritos contra empresas de aplicativos, a maioria relacionada à precarização do trabalho, ao excesso de suspensões e à ausência de explicações sobre bloqueios.
Entre os principais problemas relatados estão jornadas longas, bloqueios automáticos por supostas áreas de risco, dificuldades para acionar o suporte e falta de pagamento após cancelamentos ou falhas do sistema. Trabalhadores afirmam que muitas vezes começam o dia antes do nascer do sol e seguem até a noite sem garantia de estabilidade.
A procuradora do Trabalho Clarissa Ribeiro Schinestesteck afirma que as suspensões costumam ocorrer sem aviso prévio e sem qualquer planejamento, o que aumenta a vulnerabilidade da categoria. O MPT também identificou situações em que a conta do trabalhador permanece ativa, mas ele deixa de receber chamadas de serviço, caracterizando o chamado bloqueio branco.
O Ministério Público do Trabalho tem promovido audiências públicas para discutir regras mais claras e transparentes sobre o funcionamento das plataformas e as obrigações das empresas. O objetivo é melhorar a comunicação, garantir informações adequadas aos trabalhadores e reduzir práticas consideradas abusivas.
Enquanto o debate avança no país, motoboys e motoristas continuam dependentes exclusivamente das entregas e corridas para garantir o sustento. O governo federal discute a criação de um grupo de trabalho para regulamentar os serviços por aplicativo em todo o Brasil.




