Pense no seu doce favorito. Não importa qual ele seja. Provavelmente ele faz parte do cardápio das bancas das confeiteiras Joselaine Lucio e da Jussara Bonin.
Elas são cozinheiras talentosas que participam do programa Feira de Mulheres Empreendedoras, promovido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres de Campinas.
O programa tem sido uma porta de entrada para uma nova realidade para mais de seis mil mulheres, que encontraram novos caminhos de independência e de impacto na comunidade onde elas estão. Juntas, só em 2024, elas faturaram mais de R$ 1,3 milhão através do programa.
Mas tudo isso vai muito além de montar, vender e desmontar o ponto. A autonomia permite descobrir novos potenciais.
É o que nos conta a Joselaine, que é chefe do lar junto com seu filho. Ela já trabalhava como confeiteira, e graças à indicação de uma amiga, hoje ela também se destaca na Feira com doces gourmet como o bolo de pote, brigadeiro ou cone trufado.
“As feiras foram um grande leque de oportunidades, porque me deu mais visibilidade em relação à confeitaria também. Através das feiras, eu consigo captar bastante clientes para a confeitaria. Então, para mim, foi uma oportunidade de ouro”, compartilha.
O barulho a gente escuta de longe. São as famosas balas baianas da Jussara, uma administradora de empresas que trocou a vida só para um CNPJ por uma priorização do próprio CPF.
Além de aprender o ponto certo do coco, do açúcar e do leite condensado para fazer as balas, os doces têm um ingrediente pessoal, que não é segredo da própria cozinheira: afeto.
“O meu interesse maior era que eu trabalhasse com algo que me fizesse bem e que fizesse bem também para as outras pessoas. Então eu comecei a trabalhar com doces e criei afinidades com o caramelizado. Aí por isso hoje eu trabalho só com a parte de doces caramelizados”, conta.
Uma pesquisa do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), em parceria com a Associação Nacional de Estudos e Pesquisas em Empreendedorismo confirma a evolução do empreendedorismo feminino em Campinas.
Em 2024, elas assumiram o comando de 45,8% das pessoas jurídicas abertas em Campinas: são 57.459 CNPJs, uma quantidade em franco crescimento desde o ano passado, depois de um encolhimento no período de 2019 a 2023.
E o índice de empresas comandadas por mulheres já supera, proporcionalmente, o Brasil (40%), e o estado de São Paulo (45,5%).
Dados que refletem um esforço de acompanhamento profissional prestado por entidades como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Parceiro da Feira, o órgão já auxilia as empreendedoras em tópicos como precificação e vendas pelas redes sociais, mas deve estreitar ainda mais essa parceria com a inauguração de um posto Sebrae Aqui, na Casa da Mulher Campineira. É o que nos conta Joice Oliveira, analista de negócios do Sebrae-SP.
“O Sebrae contribui muito para fomentar dentro do grupo de mulheres empreendedoras através do programa ‘Sebrae Delas’, que é voltado exclusivamente para elas. Então nós temos dentro dele toda uma didática pensada primeiramente no acolhimento dessa mulher, que independentemente do momento que ela vive, trata da questão das soft skills, da inteligência emocional. Entender que por trás de todo CNPJ existe ali um CPF, uma pessoa que vai precisar desse apoio. Então o Sebrae contribui com essa trilha de capacitação, dentro do programa Sebrae Delas”, conta.
A secretária-adjunta de Políticas para as Mulheres, Grazielle Coutinho, lembra que a conquista do protagonismo também é uma maneira de desconstruir o machismo estrutural nas relações de trabalho.
“É um passo muito importante onde as mulheres conseguem sair de relacionamentos abusivos, do trabalho, do empreendedorismo. Então é um caminho, e eu falo que o empreendedorismo é uma forma onde a própria mulher consegue escrever a sua história”, destaca.
E os laços de conhecimento técnico e de parceria já impulsionam o programa por mais um ano. Até 15 de janeiro, a Secretaria de Políticas para as Mulheres incentiva o recadastramento das participantes da Feira da Mulher Empreendedora, uma etapa que permite conhecer quantas e em quais áreas estão atuando cada uma das participantes. Já as inscrições para novas participantes devem começar em março.
Depois de conhecer todas essas histórias, que tal experimentar um chopp? É a prata da casa na banca da Cláudia Clausen, que está há dois anos na Feira, e promete renovar para mais uma temporada. O carrinho e a mesa já estão a postos, não é Cláudia?
“Minha motivação é estar no público, estar com o público. Interagir com as pessoas. Eu acho que isso é muito gostoso”, comemora.
Outras informações sobre a Feira da Mulher Empreendedora podem ser conferidas nas redes sociais, em @feiradamulherempreendedora.cps. A Casa da Mulher Campineira também está de portas abertas para dúvidas sobre o cadastramento, na Rua Onze de Agosto, 412, próximo à Rodoviária.
